Mulheres mostram unidade e força para derrotar reforma da Previdência

Reforma da Previdência

Ato Mulheres Unidas em Defesa da Aposentadoria reuniu parlamentares, representantes das centrais sindicais, de movimentos e entidades da sociedade civil contra a proposta do governo de Jair Bolsonaro.

Derrotar a reforma da Previdência é o objetivo das centenas de mulheres de movimentos populares, parlamentares, centrais sindicais, federações e confederações que lotaram o auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, na quinta-feira, 11. O ato Mulheres Unidas em Defesa da Aposentadoria, organizado pela Liderança da Minoria na Câmara, em parceria com a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e da Frente Parlamentar em Defesa do Direito da Mulher, atraiu trabalhadoras de diferentes perfis, como domésticas, agricultoras, catadoras, professoras, servidoras públicas, além de parlamentares, que são o retrato dos 56% dos brasileiros contrários à reforma do presidente Jair Bolsonaro, conforme pesquisa Datafolha.

“Se não parar a reforma, nós paramos o Brasil. Não queremos ser condenados a morrer de fome neste país, para enriquecer o bolso dos banqueiros ou qualquer um dessa política econômica”, garantiu Antônia Ivoneide, representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST que foi ovacionada pela plateia que agitou os balões lilás e amarelos em protesto à famigerada reforma do governo Bolsonaro, a Proposta de Emenda à Constituição – PEC 6/2019.

Foto: Will Shutter/ Câmara dos Deputados

Para a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o ato foi fundamental para que as deputadas consigam votos contra a PEC no Parlamento.  “Com este ato, queremos mostrar que as mulheres brasileiras são as mais prejudicadas na reforma da Previdência. Temos uma vida laboral diferenciada e somos quase metade das pessoas do mercado de trabalho que não têm carteira assinada. Temos jornada dupla ou tripla de trabalho, cuidamos dos nossos filhos e não somos remuneradas igualmente. Muitas vezes perdemos o emprego por não conseguirmos deixar os nossos filhos adequadamente nos lares e creches, porque falta proteção à maternidade. Se hoje nós somos maioria na aposentadoria por idade, isso não é uma vantagem. Isso acontece porque nós não conseguimos alcançar sequer a carência de 15 anos de contribuição”, argumento a parlamentar.

A diretora de Assuntos Internacionais da CNTS, Lucimary Santos, que esteve presente no ato, lembra das conquistas históricas das mulheres brasileiras e acredita que a união e força das mulheres será essencial para derrotar a reforma da Previdência. “Todos as grandes lutas nesse país foram encampadas pelas mulheres, desde o movimento sanitário, o direito ao voto feminino, até a Constituinte de 1988. Se unirmos força, teremos condições de derrotar esta reforma nefasta, que é prejudicial não só as mulheres, mas também para os jovens e a população carente”, ressaltou.

Durante duas horas e meia, lideranças de diferentes campos se alternaram no discurso em combate à reforma defendida pelo governo de Jair Bolsonaro. O texto da PEC estipula idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para os homens, com tempo mínimo de contribuição de 20 anos no regime geral para se aposentar, e violenta professores e trabalhadores rurais com regras muito mais duras. De acordo com o texto, trabalhadores rurais, que hoje podem se aposentar com 55 anos, no caso das mulheres, e 60, no caso dos homens, ou com 15 anos de contribuição, passarão a ter que ter 60 anos, para ambos os sexos, e 20 anos de contribuição.

Como forma de barrar a reforma da Previdência, Selene Michelin, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação -CNTE anunciou que a categoria está chamando greve geral para o próximo dia 15 de maio. “Queremos a proteção social a todos os brasileiros. Não serve um remendo nessa proposta. Ela não serve para ninguém. Ela é ruim para todos. Portanto, só serve um ‘não’ a essa proposta. Dia 24 é o dia da defesa da Previdência Social, por isso, estamos chamando para 15 de maio a greve geral da educação contra a reforma da Previdência”, frisou.

Foto: Will Shutter/ Câmara dos Deputados

Articulação – A construção de uma frente ampla, suprapartidária contra o desmonte da Previdência foi um dos pontos altos do encontro. O apoio de parlamentares de diferentes partidos à causa demonstrou a importância do combate ao desmonte previdenciário.   Daqui para a frente, grande articulação nos estados e municípios será feita para divulgar o impacto da proposta de Jair Bolsonaro.

“Aqui temos várias estruturas que representam as mulheres. Nosso esforço é trazer mulheres de todos os espectros. Bolsonaro quer olhar para os ricos e deixar os pobres trabalhando até morrer. Mas não vamos permitir”, destacou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), vice-presidente da Comissão da Mulher.

Já a deputada Celina Leão (PP-DF) foi enfática ao afirmar que “todas as leis que protegeram as mulheres estão sendo rasgadas na reforma”. “Precisamos sim de uma reforma diferenciada. Nesse ato, não estamos falando de partidos políticos, estamos falando da mulher rural, das professoras. Um país onde não se valoriza o professor, vai se valorizar o quê? Se eles querem votar a Previdência temos que deixar claro que alguns pontos são inflexíveis. E o direito das mulheres é um deles”, pontuou.

Não só a oposição se mobilizou contra a reforma. Representantes de policiais federais e civis que fazem parte da União de Policiais Brasileiros – UPB, entidade recém-criada, também se manifestaram no Parlamento contra a proposta do governo e acusaram o presidente Jair Bolsonaro de “traição”.

Fonte: Com informações da Agência Câmara, Metrópoles, Vermelho, PT e Brasil de Fato

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