Congresso retoma atividade legislativa com 12 MPs trancando a pauta
Política
A partir do dia 4 de fevereiro e até o fim do mês, seis medidas provisórias perdem a validade. Entre elas, a MP 1000/20, que prorrogou o pagamento até dezembro do auxílio emergencial. Alguns parlamentares defendem extensão do benefício por mais tempo.
O Congresso Nacional já inicia o ano legislativo, a partir de 1º de fevereiro, com 30 Medidas Provisórias – MPs em tramitação. Dessas, 29 ainda foram editadas em 2020 e 12 já se encontram em regime de urgência, ou seja, já obstruem a pauta da Câmara ou do Senado e por isso devem receber especial atenção dos parlamentares no retorno dos trabalhos.
De acordo com as informações da Agência Senado, metade das MPs em regime de urgência perde a validade entre os dias 4 de fevereiro e o fim do mês. A maioria das medidas que aguardam análise do Congresso é relacionada ao combate dos efeitos sociais e econômicos da pandemia de coronavírus.
O principal destaque da fila é a MP 1000/20, que prorrogou o pagamento até dezembro do auxílio emergencial. Alguns parlamentares defendem a extensão do benefício por mais tempo.
Outra medida a ser analisada é a MP 1003/20, que autoriza a entrada do Brasil no consórcio internacional de vacinas contra a covid-19, Covax Facility, coordenado pela Organização Mundial de Saúde – OMS.
O objetivo do consórcio é facilitar o acesso a um portfólio de nove vacinas em desenvolvimento. É por meio do consórcio que o Brasil pretende adquirir mais de 100 milhões de doses da vacina AstraZeneca, a principal aposta do governo federal para o Plano Nacional de Imunização. A medida chegou a ser aprovada pelos deputados no fim de dezembro e tem até o dia 3 de março para passar pelo Senado.
Ainda na condição de urgência estão a MP 1.005/2020, que estabelece regras de barreiras sanitárias protetivas em áreas indígenas por conta do contágio do coronavírus e a MP 1.006/2020 que aumenta a margem de consignado para aposentados durante a pandemia.
Além disso, outras matérias, ainda sem urgência, estão relacionadas com a crise sanitária. É o caso da MP 1.019/2020, que autoriza a aplicação (em 2021) dos recursos destinados ao setor da cultura por meio da Lei Aldir Blanc e a MP 1.022/2020, que autoriza a prorrogação de até 1.419 contratos temporários de profissionais da saúde no Rio de Janeiro. Também aguarda votação a MP 1.024/2020, que prorroga, até outubro de 2021, as regras de reembolso de passagens aéreas estabelecidas durante a pandemia.
Vacinas – Única medida provisória editada este ano, a MP 1.026/2021 flexibiliza regras para facilitar a aquisição de vacinas e insumos. O propósito do texto é possibilitar a compra de imunizantes em fase de desenvolvimento e antes do registro sanitário ou de autorização de uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. De acordo com a MP, a Anvisa poderá conceder autorização excepcional e temporária para a importação e distribuição de quaisquer vacinas contra a Covid-19.
Setor Elétrico – Outra medida que tranca a pauta do Congresso é a MP do Setor Elétrico. Aprovada na Câmara dos Deputados já no final de dezembro na forma de um Projeto de Lei de Conversão – PLV 42/2020, o texto remaneja recursos no setor elétrico para permitir a redução de tarifas de energia e precisa ser apreciado até o próximo dia 9.
A MP transfere para a Conta de Desenvolvimento Energético – CDE, entre 2021 e 2025, 30% dos recursos que as concessionárias de energia elétrica são obrigadas a aplicar em programas de pesquisa e desenvolvimento e de eficiência energética. São cerca de R$ 3,4 bilhões não utilizados nesses projetos que poderão ser direcionados para a CDE, a fim de diminuir potenciais aumentos tarifários por causa dos efeitos da pandemia de Covid-19.
Conforme a MP, que ainda não teve relator designado, concessionárias e permissionárias do serviço público de distribuição de energia elétrica também poderão aplicar recursos de pesquisa e desenvolvimento em tecnologias para armazenamento de energia limpa. Durante a análise na Câmara, o texto passou por mudanças significativas como a prorrogação, por 12 meses, dos subsídios à produção de energia solar, eólica e de biomassa e a permissão de incentivos à geração de energia a partir de fontes renováveis em prédios públicos utilizando recursos de eficiência energética. Caso os senadores realizem alguma alteração no relatório que não seja apenas de redação, a matéria terá que retornar para apreciação dos deputados.
Créditos – Também fazem parte da lista de MPs que perdem a validade ainda em fevereiro, quatro medidas de crédito extraordinário, ou seja, propostas do Executivo que destinam recursos para que os ministérios reforcem ações no combate da pandemia. Os valores não fizeram parte do Orçamento regular previsto para 2020 e não estavam sujeitos ao limite do teto de gastos e, mesmo que não sejam apreciados pelo Congresso no prazo determinado, não terão seu objetivo comprometido, uma vez que os recursos são destinados e as MPs ficam sem função e sem a necessidade de virar lei.
Tramitação – Como em 2020, o Senado e a Câmara devem manter, pelo menos no início de 2021, o mesmo rito especial para simplificar a tramitação das medidas provisórias durante a pandemia. O ato conjunto assinado pelas Mesas das duas Casas, amparado na portaria do Ministério da Saúde que declarou Emergência em Saúde Pública de importância Nacional – Espin, permitiu a votação das matérias em sessões remotas dos Plenários, dispensando a apreciação por comissões mistas. No entanto, as MPs continuam tendo validade de 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias.