Sindsaúde-CE denuncia assédio e atraso de pagamento em hospital
Sindicatos de Base
Técnicos de Enfermagem procuraram o Sindicato para denunciar atrasos salariais e suposto assédio moral cometido no Hospital Leonardo da Vinci, unidade de referência no combate à Covid-19, em Fortaleza.
O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Ceará – Sindsaúde Ceará denuncia assédio que teria sido cometido por uma coordenadora de enfermagem no Hospital Estadual Leonardo da Vinci, em Fortaleza. O comunicado foi feito nas redes sociais do Sindicato. Conforme imagens de capturas de tela divulgadas, o profissional responsável pela denúncia teria perguntado à chefe sobre a gratificação atrasada há cerca de dois meses. Em seguida, conforme os prints, a coordenadora de enfermagem responde que os atrasos são porque os cooperados usam muito avental e bebem muita água.
O Hospital Estadual Leonardo da Vinci e o Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar – ISGH informaram que a coordenadora não reconhece as mensagens divulgadas. O Conselho Regional de Enfermagem do Ceará – Coren informou que a coordenadora de enfermagem abriu reclamação para averiguar a veracidade das mensagens e capturas de telas divulgadas pelo Sindsaúde. A Cooperativa de Atendimento Pré-Hospitalar – Coaph afirmou que está investigando o caso.
Entenda a denúncia – Uma suposta conversa de Whatsapp foi divulgada pelo Sindsaúde do Ceará mostrando o diálogo entre a coordenadora de enfermagem do HELV e uma profissional técnica de enfermagem, que não quis se identificar.
Na conversa, a mulher é abordada pela profissional de saúde sobre as gratificações pagas aos trabalhadores pela atuação na pandemia de Covid-19. As imagens da captura de tela mostram a coordenadora de enfermagem respondendo: “Só falam comigo para me perguntar de dinheiro, que inferno! Não trabalho no RH. Liguem ou vão para lá. Sabe por que atrasa tanto? Porque vocês usam muito avental… E vocês bebem muita água. Aquele tanto de garrafa de água. Para que? Parem de beber água no andar”.
O Sindicato conta que a profissional da saúde, que se sentiu ofendida, capturou a tela da conversa e enviou as imagens para o Sindsaúde Ceará. Além disso, a entidade representativa dos profissionais afirma que alguns trabalhadores foram ouvidos e disseram que a mesma profissional denunciada já havia publicado fotos de outros profissionais que cometeram erros, com o intuito de causar constrangimento. O Sindsaúde também encaminhou as denúncias ao Ministério Público do Trabalho – MPT, na última quarta-feira, 28.
Atraso na remuneração – O Sindicato diz que passou a receber mensagens de pessoas denunciando não somente o assédio, mas também os atrasos na remuneração e nas gratificações Covid-19. Segundo a presidente do Sindsaúde, Marta Brandão, a principal queixa é por atraso na remuneração dos cooperados. Os cooperados que estariam com atraso na remuneração e gratificação estão ligados à Cooperativa de Atendimento Pré-Hospitalar.
A publicação traz comentários de algumas pessoas insatisfeitas com a situação: “Ainda não recebemos o referente ao mês de maio e junho. Muitos deram o seu suor, ficaram afastados dos seus familiares para dar o melhor na pandemia… Precisamos pagar contas e precisamos nos alimentar”, diz um dos comentários.
“O ISGH recebe o dinheiro como gestor da unidade, mas não fez seleção para colocar os profissionais para trabalhar. O Instituto de Saúde contrata uma cooperativa chamada Coaph. Ele “quarteiriza” o serviço, porque o ISGH já é terceirizado”, afirmou Marta Brandão. Conforme ela, a gratificação foi formalizada em março, porém, só foram pagas por dois meses.
“Algumas pessoas saíram da unidade porque não possuíam nem o dinheiro do transporte para se locomover. Quando a cooperativa é pressionada, eles dispensam as pessoas. A gente não fala nem em demitir, porque eles não têm direito à rescisão, nem nada”, finaliza Marta Brandão.
Procurado sobre as remunerações atrasadas, a Coaph informou que não houve o pagamento da produção do período de 21 de maio a 20 de junho à cooperativa referente aos serviços prestados no Hospital Leonardo da Vinci. “A Coaph está acompanhando junto ao ISGH e a Secretaria da Saúde do Estado a finalização do processo e dando todo o apoio necessário aos nossos cooperados que prestam serviço junto ao Hospital”.
Outras denúncias – “Aquele print ali é só o básico do básico. Os comentários possuem uma chuva de denúncias. Ela pede para que não usemos avental, ela diz que é para irmos com nossa própria roupa para o hospital, correndo risco de contaminar nossos familiares. No caso dos pacientes, eles ficam evacuados ou urinados, porque não tem lençol para trocar. A coordenadora diz: se está evacuado, deixa evacuado”, conta a fonte das informações publicadas pelo Sindsaúde.
“Antes subiam garrafas de 1,5 L para os andares do HELV, direcionada aos profissionais que trabalham na unidade. Ela (coordenadora) pediu para que não subissem mais essas águas de 1,5 L. Fica apenas um garrafão de água. A gente fica sem beber, porque não tem copo descartável e ela proíbe a gente de levar, alegando que é uma área sujeita a contaminação”, continua a denunciante.
Sobre a situação, o Hospital Leonardo da Vinci afirmou ter havido plano de contenção para faltas que ocorreram em momentos específicos. “Sobre a questão da falta de roupa para profissionais e pacientes, o hospital reforça que em momento algum deixou de fornecer enxovais hospitalares e que existiu um plano de contenção para as faltas pontuais, mas não deixamos em momento algum de fornecer para os pacientes. Além disso é infundada, também, a questão de os funcionários não estarem bebendo água, quando dispomos de bebedouros em todos os andares do hospital”.