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Quadro atual dificulta condições para candidaturas sindicais, alerta Diap

Eleições 2018

“A sequência de agressões aos trabalhadores leva o sindicalismo a reagir no campo político, com candidaturas próprias ou aliadas. Ninguém está satisfeito com o Congresso Nacional e a maioria dos governos. Ainda assim, esta pode ser a eleição que reúne as piores condições para candidaturas de perfil popular”, avalia o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – Diap, Antônio Augusto de Queiroz.

O perfil dos deputados e senadores eleitos em 2014 surpreendeu por ter sido o mais conservador desde o golpe de 1964, frustrando a expectativa criada pelas manifestações iniciadas de junho do ano anterior. Para 2018, Queiroz arrisca um prognóstico: o fenômeno conservador será potencializado pelo aumento das bancadas ruralista, religiosa, empresarial e da bala.

A mudança no modelo de financiamento – restrito ao fundo eleitoral, recursos próprios e doações de pessoas físicas – deve impedir o surgimento de novatos. “O candidato [com mandato] vai negociar com o partido que só fica se a legenda der para ele prioridade nos recursos e espaço no horário eleitoral gratuito. Os novos candidatos que aspiram uma vaga não vão ter essa mesma oportunidade”, compara.

Seis meses após a aprovação da reforma política, cuja bandeira era justamente a renovação, poucos movimentos devem ser concluídos no pleito de 2018. As vagas que sobrarem, serão preenchidas por quem já tem capital político e, até, pelos herdeiros de votos. O uso da internet será uma boa ferramenta para quem já detém mandato, com um trabalho iniciado em redes sociais. Esses candidatos terão também maior facilidade para incrementar o uso dos meios eletrônicos, já que terão acesso a mais recursos dos partidos.

Caciques com poder suficiente para indicar aliados e parentes não deixam as vagas abertas para novatos ou outsiders. Na eleição de 2014, 290 dos 513 deputados já integravam a legislatura anterior e se reelegeram. Dos outros 223, apenas 24 – 4,7% da Casa – de fato nunca havia trabalhado ali. O resto entra na cota dos herdeiros de votos, dos que já tiveram mandatos anteriores como deputado ou atuaram em outra esfera do Legislativo ou do Executivo.

Segundo Antônio Queiroz, a estrutura para exercício de mandato do atuais deputados e senadores é outro fator que joga contra estreantes nas urnas. “É uma série de vantagens que quem está chegando não tem – como o auxílio gasolina para rodar o estado, verba de correio, funcionários de gabinete para campanha. Como o espaço será pequeno, com o tempo de campanha reduzido, embora haja no Brasil um desenho de renovação não há condições objetivas para novatos se eleger”.

Avaliar as condições – “O primeiro a ser feito é avaliar a viabilidade da candidatura, seja para eleger individualmente candidato próprio, seja no apoio a um candidato do partido, que tenha a mesma visão programática”.

Destinação dos votos – “Ainda que não se eleja, o candidato trabalhista precisa observar quem se beneficiará de sua votação. Se ele estiver em partido conservador, poderá transferir votos à direita. Recomendo clareza quanto a isso”.

Legislação joga contra – “A legislação favorece os atuais detentores de mandato. O tempo de campanha caiu de 90 para 45 dias. Isso beneficia quem aproveitou a janela partidária e negociou vantagens para participar da eleição – como presença no horário eleitoral e acesso a recursos do fundo eleitoral. Tempo, dinheiro e espaço na TV são três condições fundamentais”.

Vantagem dos que têm mandato – “A corrida eleitoral favorece quem detém mandato, tem serviços prestados, possui base eleitoral fidelizada e conta com emendas parlamentares aprovadas. Isso dá uma vantagem real frente a quem está chegando agora à disputa”.

Cautelas e civismo – “Alguns fatores obrigam a considerar se vale a pena deixar sua base, onde o dirigente é importante. Ou seja, onde ele pode liderar campanhas em defesa dos direitos e recuperação da própria estrutura sindical. Tem que verificar se compensa descobrir a categoria. Creio que seria importante o dirigente, assim como as entidades, fazer uma campanha efetiva pela valorização cívica do voto, porque é muito forte o descrédito do eleitor no processo eleitoral”. (Fontes: Agência Sindical e Correio Braziliense)

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