
OMS suspende testes com hidroxicloroquina e cloroquina em pacientes com Covid-19
Saúde e Ciência
Decisão ocorre após estudo mostrar que a droga não mostra eficácia contra a Covid-19 e representa risco de arritmia cardíaca aos usuários, entre outros efeitos colaterais.
A Organização Mundial da Saúde – OMS anunciou, na segunda-feira, 25, a suspensão de testes com a cloroquina e a hidroxicloroquina para tratar a Covid-19. Segundo o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a medida decorre após estudo publicado na sexta-feira, 22, na revista The Lancet, realizada com 96 mil pessoas internadas em 671 hospitais. De acordo com o estudo, além de as drogas não mostrarem eficácia contra a Covid-19, há risco de arritmia cardíaca aos usuários.
Tedros afirmou que os autores da pesquisa “reportaram que, entre pacientes com coronavírus usando a droga, sozinha ou com um macrolídeo (antibiótico), estimaram uma maior taxa de mortalidade”.
Segundo ele, é uma medida a princípio temporária, enquanto estudos investigam a segurança do medicamento. “Eu quero reiterar que essas drogas são aceitas como geralmente seguras para uso em pacientes com doenças autoimunes ou malária”, destacou o dirigente da OMS.
Na semana passada, o Ministério da Saúde publicou protocolo para aplicação da cloroquina e hidroxicloroquina, junto com o antibiótico azitromicina, no tratamento da Covid-19 mesmo em pacientes com sintomas leves.
O presidente Jair Bolsonaro tem feito campanha a favor das drogas. Um dos motivos das quedas dos ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, foi ter contrariado Bolsonaro em temas como isolamento e cloroquina. O ministro atual é o general Eduardo Pazuello, não se sabe ainda se interinamente ou não.
Na semana passada, o Ministério da Saúde publicou protocolo para aplicação da cloroquina e hidroxicloroquina, junto com o antibiótico azitromicina, no tratamento da Covid-19 mesmo em pacientes com sintomas leves.
O presidente Jair Bolsonaro tem feito campanha a favor das drogas. Um dos motivos das quedas dos ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, foi ter contrariado Bolsonaro em temas como isolamento e cloroquina. O ministro atual é o general Eduardo Pazuello, não se sabe ainda se interinamente ou não.
Ontem, o jornal britânico Financial Times acusou Bolsonaro de ser responsável pelo Brasil ser o novo epicentro da pandemia do coronavírus. A publicação compara o brasileiro ao presidente norte-americano Donald Trump.
“Ambos os líderes ficaram obcecados com as propriedades supostamente curativas da droga antimalárica hidroxicloroquina. Mas enquanto Trump está apenas tomando o produto, Bolsonaro forçou o Ministério da Saúde brasileiro a emitir novas diretrizes, recomendando o medicamento para pacientes com coronavírus”, diz o colunista do jornal Gideon Rachman.
“No estilo populista clássico, ele vive da política da divisão. O Brasil já é um país profundamente polarizado, onde as teorias da conspiração são abundantes. As mortes e o desemprego causados pela Covid-19 são exacerbados pela liderança de Bolsonaro. Mas, perversamente, um desastre econômico e de saúde poderia criar um ambiente ainda mais hospitaleiro para a política do medo e da irracionalidade”, escreve o colunista.
Ministério da Saúde manterá protocolo – A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, afirmou que a pasta não modificará sua orientação sobre cloroquina por conta decisão da OMS de suspender estudos com a substância. “Estamos muito tranquilos a despeito de qualquer entidade internacional cancelar seus estudos com a medicação. Seguimos no ministério da saúde, na secretarias especializadas acompanhando todos os estudos no mundo”, disse Mayra.
Segundo ela, o Ministério da Saúde tem um banco de informações com 216 protocolos sobre as substâncias utilizados ao redor do mundo. A secretária criticou o estudo da OMS e disse que ele não serve como base para levar a um recuo da orientação do ministério. Um grupo internacional articulado pela organização conduzia uma pesquisa que foi suspensa após estudo com 96 mil pessoas mostrar ineficácia das substâncias e risco de arritmia cardíaca.