
OMS encerra estudos com hidroxicloroquina após ineficácia
Saúde e Ciência
De acordo com a organização, o medicamento não foi capaz de reduzir a mortalidade em pacientes internados com Covid-19.
A Organização Mundial da Saúde – OMS afirmou no sábado, 4, que interrompeu definitivamente seus testes com o medicamento para malária hidroxicloroquina e também para o medicamento combinado contra o HIV lopinavir/ritonavir após não reduzirem a mortalidade em pacientes hospitalizados com Covid-19. Em nota oficial, a OMS, que suspendera a utilização do medicamento por falta de resultados, confirmou que o questionado remédio, ainda defendido pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, não será mais usado em suas pesquisas.
Esta posição foi adotada seguindo a recomendação do comitê de especialistas que assessora a organização e avalia os resultados dos testes realizados em hospitais de diversos países. A recomendação deste comitê foi retirar a hidroxicloroquina e, também, o lopinavir/ritonavir de todos os testes.
“Esses resultados preliminares mostram que a hidroxicloroquina e o lopinavir/ritonavir produzem pouca ou nenhuma redução na mortalidade de pacientes com Covid-19 hospitalizados quando comparados ao padrão atual de atendimento. Os investigadores do estudo interromperão os ensaios com efeito imediato”, afirmou a OMS em comunicado, referindo-se a amplas análises em vários países que a agência está liderando.
No entanto, a OMS esclareceu que sua decisão “não afeta a possível avaliação em outros estudos de hidroxicloroquina ou lopinavir/ritonavir em pacientes não hospitalizados ou como profilaxia pré ou pós-exposição para a Covid-19”.
Em maio e junho, os testes com hidroxicloroquina comandados pela entidade internacional de saúde foram pausados outras duas vezes. A primeira suspensão, em maio, ocorreu após a publicação de um controverso artigo científico na prestigiada revista The Lancet que determinava a ineficácia do medicamento. Após dúvidas contundentes sobre a procedência de o estudo serem levantadas, a OMS retomou as análises em 3 de junho. Já no dia 17 de junho, a OMS voltou a suspender as análises. A decisão atual, no entanto, determina o fim definitivo dos ensaios.
Forças Armadas aumentaram estoque – No Brasil, as Forças Armadas produzem o medicamento e aumentaram sua produção a pedido do presidente Bolsonaro.
O Ministério da Defesa informou, recentemente, que já foram produzidos 1,8 milhão de comprimidos de hidroxicloroquina, que estão estocados no Laboratório do Exército brasileiro. O valor representa cerca de 18 vezes a produção anual do medicamento, em anos anteriores. Paralelamente, o governo dos Estados Unidos enviou 2 milhões de doses do remédio ao Brasil.