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Foto: Mayke Toscano/Secom-MT

Números mostram piora da Covid na maior parte do país e desmentem Bolsonaro

Coronavírus

Enquanto o presidente da República fala em “finalzinho da pandemia”, o Brasil registra 848 mortes e 54.203 novos casos em 24 horas. Trata-se do maior número de mortes diárias desde o início de outubro.

Em um momento em que 20 unidades da Federação estão numa situação da Covid-19 pior do que há quatro semanas, o presidente Jair Bolsonaro ignorou dados e afirmou na quinta, 10, que o Brasil vive “um finalzinho de pandemia”.

Na quarta-feira, 9, o país registrou 848 mortes pela Covid-19 e 54.203 casos da doença. Trata-se do maior número de mortes diárias desde o início de outubro, sem levar em conta os registros elevados ocorridos logo em seguida ao apagão de dados que houve em novembro. A média móvel de mortes também é a maior desde o fim de setembro. No total, o país registrou 179.765 mortes por Covid-19 e a 6.781.799 infecções desde o início da pandemia.

A situação da pandemia no país se agrava em um momento de temor por causa das festividades de fim de ano, que podem elevar ainda mais os números de pessoas infectadas e mortes.

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, a possibilidade de colapso do atendimento aos novos casos é real e poderá acontecer nas próximas semanas, agravada pela chegada das festas de fim de ano e das férias. “Um novo aumento dos casos pressionará a capacidade do atendimento à saúde das regiões metropolitanas, reduzindo também seus recursos para atender a pacientes vindos do Interior. Na maioria dos lugares a assistência à saúde deverá ser incapaz de atender à demanda”, alerta a Fiocruz.

“Estamos vivendo um finalzinho de pandemia”, disse Bolsonaro durante evento em Porto Alegre para inaugurar trecho da ponte sobre o rio Guaíba. “Nosso governo, levando em conta outros países do mundo, foi o que melhor se saiu no tocante a economia. Prestamos todos apoios possíveis a estados e municípios”, completou.

Bolsonaro disse ainda que o suposto fim da pandemia se deve ao tratamento precoce com uso de cloroquina. O uso do medicamento para a Covid-19 não possui respaldo científico, após diversos estudos não apontarem benefícios da droga na prevenção e no tratamento da doença.

O presidente também comparou o Brasil com parte do continente africano, dizendo que lá há menos óbitos do que o esperado para “pessoas com deficiência alimentar, mais pobres”. Bolsonaro disse que o suposto sucesso dos países africanos é consequência do uso prévio da cloroquina para tratar malária, mais uma vez sem evidências científicas.

O Brasil é o único país do mundo onde continuam a circular com frequência notícias falsas sobre cloroquina, ivermectina e azitromicina como curas para a Covid-19, que já foram desmentidas por diversos estudos científicos, segundo o levantamento “Political (self) isolation”, realizado pelo LAUT, INCT.DD e o laboratório de pesquisa forense digital do Atlantic Council. E, ao contrário da maioria dos países, apenas no Brasil, na Índia e nos Estados Unidos as disputas políticas internas são o principal motor para a desinformação sobre a pandemia.

Era uma “gripezinha”, “histeria da mídia”, “e daí?”, “eu não sou coveiro”. Virou aglomeração, manifestação golpista e cloroquina. Enfim, a guerra pessoal contra a “vacina do Dória”, ou “da China”, e agora o delírio de que a pandemia está no “finalzinho” quando o vírus explode por toda a parte.

Como bem afirma a colunista do Estadão, Eliane Cantanhêde, “o Brasil chega ao final de 2020 doente, irritado, estupefato e sem perspectiva, chocando o mundo, enquanto o general-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, fala em vacina para março, ou janeiro, ou fevereiro, ou dezembro. Bolsonaro optou por entrar para a história como o presidente que, entre a vida e a morte, ficou com a morte. E, em nenhum momento, reviu, tentou acertar. Começou errado e vai errado até o fim. À custa de vidas”.

Fonte: Com Folha de S.Paulo e Estadão

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