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Foto: Andre Borges/Agência Brasília

Brasil vacinou completamente apenas 8,7% da população

Coronavírus

Com escassez de vacinas, apenas cerca de 18,5 milhões de pessoas receberam duas doses de imunizantes contra a Covid-19 no país, a maioria idosos e profissionais da saúde.

Mais de quatro meses após o início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, o país imunizou completamente apenas 8,7% da população, mostram dados do Ministério da Saúde. De acordo com os números mais recentes, pouco mais de 18,5 milhões de pessoas receberam duas doses de vacinas contra o coronavírus.

Quando se trata da aplicação de apenas uma dose, o número sobe para 39,2 milhões de pessoas, o equivalente e 18% da população brasileira de 211 milhões de habitantes.

A maioria dos vacinados são mulheres – 59% e a faixa etária que mais recebeu doses foi a de 65 a 69 anos – 9,7 milhões. Trabalhadores da saúde receberam 11,5 milhões de doses.

O estado que mais vacinou é, também, o mais populoso. São Paulo aplicou 13,2 milhões de doses, seguido por Minas Gerais – 5,9 milhões, Rio de Janeiro – 5 milhões, Rio Grande do Sul – 4,2 milhões e Bahia – 4 milhões.

A grande maioria das doses aplicadas até o momento é da Coronavac – 66,1%, seguida de AstraZeneca-Oxford – 32,2% e Pfizer-BioNTech – 1,7%. No total, o Brasil contabiliza mais de 449 mil mortes por Covid-19 e mais de 16 milhões de casos.

Em números absolutos, o Brasil é o segundo país do mundo com mais mortes, atrás apenas dos Estados Unidos, que somam mais de 589 mil óbitos. É ainda o terceiro país com mais casos confirmados, depois de Estados Unidos – 33,1 milhões e Índia – 26,5 milhões. Sozinho, o país é responsável por quase metade de todos os óbitos por Covid-19 na América Latina.

Escassez de vacinas – Embora seja exemplo mundial em campanhas de imunização, o Brasil enfrenta lentidão na vacinação contra a Covid-19 devido à escassez de vacinas. Na contramão de quase todos os países do mundo, o Ministério da Saúde se comprometeu inicialmente com apenas uma vacina e não com um leque diversificado como ocorreu, por exemplo, na União Europeia e nos Estados Unidos.

O governo brasileiro apostou todas as fichas na vacina da AstraZeneca-Oxford, fez pouco caso da Caronavac e recusou ofertas da Pfizer ao longo do segundo semestre do ano passado.

A lentidão e possível omissão na compra de vacinas estão sendo investigada pela CPI da Pandemia. À comissão, o ex-presidente da Pfizer no Brasil Carlos Murillo diz que governo brasileiro ignorou cinco ofertas de vacinas somente em 2020.

Segundo Murillo, a primeira proposta da Pfizer ao Brasil foi feita em 14 de agosto de 2020. A empresa ofereceu contratos para a compra de 30 milhões ou 70 milhões de doses da vacina. O de 70 milhões consistia em 500 mil doses ainda em 2020, 1,5 milhão no primeiro trimestre de 2021, 5 milhões no segundo trimestre, 33 milhões no terceiro trimestre e 30 milhões no quarto. Após sete recusas por parte do Brasil, um contrato com a empresa foi fechado somente em março desse ano.

Outro fator que colabora para a escassez de imunizantes é o atraso na liberação de insumos enviados pela China, o que suspendeu a produção da Coronavac pelo Insituto Butantan e da vacina de Oxford pela Fundação Oswaldo Cruz.

A direção do Instituto Butantan e o governador de São Paulo, João Doria, afirmaram no começo de maio que os constantes ataques do presidente Jair Bolsonaro à China estão afetando a importação dos insumos.

O atraso no envio da matéria-prima e, consequentemente na produção da Coronavac, se refletiu na campanha de vacinação. Desde o final de abril, o país sofre de atrasos na aplicação da segunda dose da Coronavac. Segundo uma pesquisa do final de abril da Confederação Nacional de Municípios – CNM, quase um terço das cidades brasileiras ficaram sem a segunda dose da vacina. O problema é mais grave na região Sul do país, onde quase metade das prefeituras disse ter interrompido a vacinação com a segunda dose.

Na raiz da crise, segundo especialistas e a própria atual gestão do Ministério da Saúde, está uma comunicação de março da pasta de que doses não precisariam ser guardadas para aplicação em que já recebeu a primeira.

Na semana passada, o Ministério da Saúde informou que enviou lotes de vacinas aos estados, com os quais será possível vacinar todos os que estão com doses atrasadas.

Início da vacinação conturbado – A vacinação no Brasil começou em 18 de janeiro, com a Coronavac, aposta do governo paulista, já que a outra vacina aprovada, a da AsraZeneca-Oxford, ainda não estava disponível.

Ao longo de 2020, a Coronavac foi constantemente desprezada por Bolsonaro, que chegou a comemorar a morte de um voluntário na fase de testes – num caso sem relação com o estudo – e a suspensão temporária dos testes. “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, afirmou na época.

O presidente constantemente chamava o imunizante de “vacina chinesa” e questionava a sua eficácia. Em outubro, Bolsonaro cancelou um protocolo de intenção do Ministério da Saúde para a aquisição da Coronavac. A mudança de postura do governo federal veio após a pressão de governadores e tentativas frustradas de adquirir outra vacina para o início da imunização.

Apesar de depender da Coronavac para o início da campanha, Bolsonaro seguiu menosprezando o imunizante. “Esta vacina que está aí é 50% de eficácia. Ou seja, se jogar uma moedinha para cima, é 50% de eficácia. Então, está liberada a aplicação no Brasil”, disse em janeiro.

Fonte: Deutsche Welle Brasil

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