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Foto: Reprodução

OMS recomenda que ivermectina não seja usada contra Covid-19

Saúde

Mesmo sem eficácia, vermífugo vem sendo promovido por Bolsonaro como parte de "tratamento precoce" contra a doença. OMS diz que uso só deve ser feito em testes clínicos.

A Organização Mundial da Saúde – OMS recomendou na quarta-feira, 31, que a ivermectina, um vermífugo, não seja utilizada no tratamento de pacientes com Covid-19, independentemente do nível de gravidade ou da duração dos sintomas. De acordo com a OMS, em relação ao coronavírus, a ivermectina só deve ser utilizada no contexto de testes clínicos. Segundo a organização, há poucas evidências de que o medicamento tenha efeito benéfico em termos de diminuição da mortalidade, ventilação mecânica, internação hospitalar, tempo de hospitalização e carga viral.

Os especialistas afirmam que o fato de uma droga ser barata e amplamente disponível, não justifica sua utilização se seu benefício permanece obscuro.

Mesmo sem comprovação científica que apoiem seu uso contra a Covid-19, a ivermectina, assim como a hidroxicloroquina – outro remédio ineficaz contra o coronavírus –, se tornou uma das drogas favoritas do governo Jair Bolsonaro. O presidente incentiva regularmente o uso do vermífugo como parte de um “tratamento precoce” contra a Covid-19 e o remédio foi incluído nos assim chamados “kit Covid” distribuídos pelo governo e prescritos por alguns médicos por todo país.

Na semana passada, o jornal Estadão mostrou que pelo menos três pacientes morreram por hepatite medicamentosa causada pelo kit Covid, que inclui ivermectina e cloroquina e não tem eficácia comprovada contra a doença. Outros cinco estão na fila do transplante de fígado. Hemorragias, insuficiência renal e arritmias também estão sendo observadas por profissionais de saúde entre pessoas que fizeram uso desse grupo de drogas.

Os únicos medicamentos que a OMS endossou para pacientes hospitalizados com sintomas graves de Covid-19 são os corticosteroides, em particular a dexametasona, um produto que também é barato.

O grupo que analisou a eficácia do medicamento é formado por especialistas em cuidados médicos de várias áreas. Eles revisaram os resultados compilados de 16 ensaios clínicos, com mais de 2,4 mil pacientes internados e não internados.

Há uma semana, a Agência Europeia de Medicamentos também desaconselhou o uso da ivermectina para prevenção e tratamento da Covid-19, alertando que “os dados disponíveis não apoiam” sua utilização generalizada fora dos testes clínicos controlados.

Fabricante não recomenda o uso – Em fevereiro, a farmacêutica americana Merck, empresa que desenvolveu a ivermectina nos anos 1980 e até hoje é a sua principal fabricante, afirmou que não existem evidências sobre a eficácia do medicamento contra a Covid-19.

Para a empresa, o medicamento só deve ser usado para sua função original: como vermífugo usado para promover a eliminação de vários parasitas do corpo, e não como tratamento contra o coronavírus.

O incentivo de Bolsonaro e de outros políticos levou a uma explosão no Brasil do consumo de ivermectina e outros medicamentos sem eficácia contra Covid-19. Um levantamento do Conselho Federal de Farmácia – CFF mostrou em janeiro que as vendas de hidroxicloroquina duplicaram de 963.596 unidades em 2019 para 2,02 milhões em 2020. Já as vendas da ivermectina cresceram 557%.

Recentemente, Associação Médica Brasileira – AMB pediu que seja banida a utilização de ivermectina e outros fármacos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, num posicionamento contrário ao defendido por Bolsonaro. “Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da Covid-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida”, defendeu a AMB em comunicado.

A popularidade da ivermectina contra a Covid-19 vem, principalmente, de um estudo australiano publicado no início de 2020, no começo da pandemia, que observou eficácia in vitro, ou seja, em laboratório, da ivermectina no Sars-CoV-2, vírus causador do Covid-19.

Fonte: Deutsche Welle Brasil

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