OMS e Anvisa dizem que vacina será aprovada pela ciência, não pela nacionalidade
Saúde
Agência Nacional de Vigilância Sanitária negou que irá barrar imunizante chinês “por pressão do governo federal”.
A Organização Mundial da Saúde – OMS e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa afirmam que a vacina contra a Covid-19 deve ser aprovada “pela ciência”, sem se importar com nacionalidade ou problemas políticos. O recado das entidades especializadas vai na contramão do discurso do presidente Jair Bolsonaro.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, negou que a Agência possa negar o aval para a coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, por causa de pressões do governo.
Barra afirma que a origem da vacina não terá relevância na análise da agência, que ocorre de forma técnica. “Isso está previsto no Código Penal em algum lugar. Se estamos concebendo a possibilidade de alguém daqui de dentro, intencionalmente, procrastinar, postergar ou realizar qualquer impedimento para que um medicamento salve vidas… Eu jamais vou poder cogitar isso. E, se eu tomar conhecimento, tomarei todas as medidas cabíveis”, afirmou.
Já nesta sexta-feira, 23, a porta-voz da OMS, Margaret Harris, respondeu uma pergunta do jornalista Jamil Chade, do UOL, sobre a decisão de Bolsonaro de não comprar a vacina chinesa. Ela afirmou que a nacionalidade do imunizante não deve ser levada em conta, mas a eficácia e segurança. “Não é sobre nacionalidade. É sobre ciência”. Para a entidade internacional, o que vai determinar a aprovação de uma vacina é sua eficácia e segurança. E não quem a produz. “Escolhemos a ciência”, insistiu a porta-voz.
A polêmica sobre a vacina chinesa começou na última quarta-feira, 21, quando o presidente Jair Bolsonaro escreveu mais um capítulo do roteiro de sua gestão desastrosa da pandemia de Covid-19. Questionado por seguidor de rede social, e inflamado por questões ideológicas e políticas, atacou a vacina mais promissora até o momento. “Não será comprada. Já mandei cancelar. O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade”.
A resposta do presidente foi ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que na última terça-feira, 2, anunciou acordo com o Estado de São Paulo para a compra. Pazuello disse que iria incorporar a vacina ao Programa Nacional de Imunização. Segundo o ministro da Saúde, a vacina do Butantan “seria a vacina do Brasil”.