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Foto: Tatiana Fortes/Governo do Ceará

Mutirão contra CPI da Covid: governo pede preparação contra 23 acusações

Política

Casa Civil elabora roteiro com 23 questões que considera que serão abordados pelos senadores na CPI. A pasta pediu respostas para temas como o menosprezo à pandemia, o descaso com as medidas restritivas, militarização de Ministérios, negligência com as vacinas e a promoção da cloroquina. Treze pastas foram incumbidas de explicar o negacionismo e a negligência do governo de Jair Bolsonaro.

A Casa Civil, pasta comandada pelo ministro Luiz Eduardo Ramos, enviou um e-mail para as secretarias executivas de 13 Ministérios com uma lista com 23 acusações e críticas ao desempenho do governo federal no combate à pandemia e que podem ser usadas como objeto na Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI da Covid. Menosprezo à pandemia, negligência do governo na compra de vacinas, promoção de tratamento precoce contra a Covid sem comprovação científica, militarização do Ministério da Saúde, minimização da gravidade da pandemia e ausência de incentivo à adoção de medidas restritivas para reduzir o contágio pela doença são alguns dos pontos. Ou seja, o ministro Luiz Eduardo Ramos deseja que a Esplanada dos Ministérios se vire para explicar o negacionismo de Bolsonaro.

O documento, enviado por e-mail, foi revelado pelo portal UOL. Na divisão, cada Ministério ficou encarregado de responder algumas das acusações feitas ao governo como, por exemplo, a de que o presidente Bolsonaro pressionou os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich a aprovarem o uso da hidroxicloroquina.

Ao todo, são 23 acusações listadas pelo governo, divididas entre 13 Ministérios. Parte dos pontos levantados tem como base um relatório do Tribunal de Contas da União – TCU sobre a gestão do Ministério da Saúde na pandemia e uma investigação do Ministério Público Federal do Amazonas, que já resultou em ação de improbidade contra Eduardo Pazuello e outras cinco autoridades da pasta e da secretaria estadual de Saúde.

Surpreendidos, aliados do presidente Jair Bolsonaro avaliam que a lista é munição para a CPI, principalmente pelo detalhamento do roteiro. “O governo fez um roteiro inédito para alimentar a CPI. Só esse documento já justificaria a criação de comissão para investigar erros de gestão na condução dessa pandemia”, reconheceu um influente líder do Centrão ao blog do Gerson Camarotti.

Para esse integrante, a divulgação da lista acende um sinal amarelo. “Isso mostra que o governo não controla nem mesmo a própria informação”, completou.

O documento enviado aos Ministérios é uma demonstração da preocupação do governo diante da CPI. O governo deseja produzir um arsenal para a defesa do ex-ministro Pazuello e também para blindar Bolsonaro.

A ideia é que o ex-ministro da Saúde, que deve assumir um cargo no Planalto, dedique o seu tempo a se debruçar sobre uma série de documentos, dados e informações oficiais que reforcem a narrativa de que o governo não foi omisso na pandemia nem na crise de falta de oxigênio em Manaus em janeiro. Também estará a sua disposição um grupo de trabalho formado por integrantes de diferentes Ministérios – que fornecerá subsídios para defender as ações do governo.

O plano envolve até a tentativa de interlocução com pessoas próximas ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), indicado como relator da comissão. Nos últimos dias, o governo procurou uma aproximação com o ex-presidente José Sarney, que conversa semanalmente com Renan. O presidente Bolsonaro também ligou para Renan Filho, governador de Alagoas e primogênito do senador.

CPI – A CPI deve ser instalada nesta terça-feira, dia 27, para investigar a conduta do governo federal na pandemia. Numa espécie de defesa antecipada, Bolsonaro tem dito que “acertou todas” na pandemia, apesar de declarações minimizando a doença e previsões de que a crise iria acabar logo, o que não ocorreu. “Não errei nenhuma desde março do ano passado”, disse o presidente a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

Uma versão preliminar do plano de trabalho da CPI prevê investigar questões como o atraso na compra de imunizantes pelo país, a omissão do Ministério da Saúde no colapso na rede de saúde de Manaus no início do ano e a insistência de Bolsonaro em recomendar o chamado tratamento precoce – que, além de não ter eficácia comprovada para a Covid-19, ainda pode levar pacientes à fila dos transplantes.

A lista de Ramos traz também a acusação sobre o governo ter recusado 70 milhões de doses da vacina da Pfizer. Sobre essa questão, a CPI deve ouvir o ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, Fábio Wajngarten. Ele declarou, em entrevista à revista Veja no dia 22, que essa negociação não avançou por “incompetência” e “ineficiência” do Ministério da Saúde. Ele afirma na publicação que, ao saber da proposta, articulou reuniões com diretores da farmacêutica, mas que “as coisas travavam no Ministério da Saúde”.

Acareação – Em razão disso, o Senado pode ser palco de um embate entre o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o ex-secretário Wajngarten. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) defende uma acareação entre eles na CPI. Cotado para ser vice-presidente da CPI, Randolfe quer uma confrontação pública para esclarecer as declarações de Wajngarten. “Acho que vai ser inevitável isso”, disse o senador ao Estadão.

Randolfe também vai apresentar um requerimento para convocar Wajngarten para ser ouvido no colegiado. Nele, o parlamentar diz que a presença de Wajngarten será de “suma importância” para a investigação.

Fonte: Com UOL, Estadão e O Globo

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