Com quase 110 mil mortes, governo quer gastar R$ 155 milhões para elogiar combate à pandemia
Política
Secretaria de Comunicação Social também alega que verba será usada para "combater a desinformação e a disseminação de notícias alarmantes e mentirosas".
A Secretaria de Comunicação Social – Secom da Presidência da República, agora vinculada ao Ministério das Comunicações, pediu ao Ministério da Economia a liberação de R$ 155,3 milhões fora do teto de gastos para ações que, segundo a pasta, serão relacionadas ao combate ao coronavírus.
De acordo com reportagem do jornal O Globo, a Secom afirma que recursos serão utilizados para divulgar as medidas adotadas pelo governo para garantir a saúde pública e para proteger a economia.
As medidas de combate ao coronavírus estão sendo pagas todas fora da regra que impôs um limite para as despesas da União, e que se transformou no centro da disputa no governo por aumento de gastos.
No documento, ao qual o Globo teve acesso, a Secom afirma que os recursos seriam utilizados em contratos com dispensa de licitação, “exclusivamente para suportar as ações de comunicação com foco no coronavírus”. A ideia é que as campanhas atinjam “toda a população brasileira, em todos os estados em municípios”.
A Secretaria também afirma que quer “combater a desinformação da sociedade e a disseminação de notícias alarmantes e mentirosas”. Orientações de prevenção ao coronavírus também serão disseminadas.
Um segundo investimento da verba seria a contratação de um serviço de comunicação corporativa para atuar no Brasil. O documento diz que a pandemia criou a necessidade de “fortalecer as estratégias de comunicação e de divulgação de utilidade pública”.
Trata-se da segunda vez neste ano que a Secom tenta aumentar seu Orçamento. Em junho, uma portaria do Ministério da Economia retirou R$ 83,9 milhões que seriam usados no programa Bolsa Família para destinar à Secom. Criticada, a portaria foi revogada cinco dias depois.
O Orçamento da Secom aprovado pelo Congresso é de R$ 136,1 milhões. O recurso já foi acrescido durante a pandemia e agora soma R$ 203,5 milhões. Procurado, o órgão não comentou.
Quase 110 mil mortos – De acordo com o consórcio de veículos de imprensa, o país registrou 775 mortes pela Covid-19 confirmadas nas últimas 24 horas, chegando ao total de 108.654 óbitos. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos sete dias foi de 971 óbitos, uma variação de -9% em relação aos dados registrados em 14 dias.
Em casos confirmados, já são 3.363.235 brasileiros com o novo coronavírus desde o começo da pandemia, 23.236 desses confirmados no último dia.