Foto: Gov. SP

Butantan cria vacina brasileira contra Covid-19 e pede autorização da Anvisa para testes

Saúde

Instituto pretende disponibilizar 40 milhões de doses da Butanvac para o país a partir de julho. Imunizante precisa ainda passar por testes clínicos e ser testada em voluntários. A técnica usada para o imunizante é a mesma empregada na produção da vacina da gripe, que já é feita no Butantan. Com isso, o país não dependerá de insumos importados para produzi-la.

“Uma vacina 100% brasileira”. É como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), apresentou a ButanVac, o primeiro imunizante contra a Covid-19 produzido no país. A vacina foi desenvolvida pelo Instituto Butantan, que pediu à Anvisa a autorização para iniciar os testes clínicos, em que serão avaliadas segurança e capacidade de promover resposta imune com 1.800 voluntários.

Se tudo correr bem nos testes, o Instituto começará a produzir a vacina em larga escala em maio, iniciando a aplicação na população em julho. O objetivo é fabricar 40 milhões de doses até o fim do ano.

A técnica usada pela Butanvac é a mesma empregada na produção da vacina da gripe, que já é feita no Butantan. A vacina é produzida em ovos de galinha e o País não dependerá de insumos importados para a sua produção. Dentre as vantagens dessa tecnologia, Dimas Covas destacou o baixo preço e a segurança. O presidente do Butantan disse que nenhuma outra vacina contra a covid-19 utiliza essa técnica. O lote piloto, que será usado nos ensaios clínicos, já está pronto.

“É um momento de profunda esperança para todos nós. Dia 26 de março é o dia da esperança”, disse Doria em coletiva de imprensa.

O Instituto tem capacidade para produzir 100 milhões de doses da Butanvac por ano, afirmou o presidente do Butantan, Dimas Covas. A prioridade de compra é do Ministério da Saúde, mas o excedente poderá ser vendido ao governo de São Paulo ou exportado para outros países. O compromisso do Butantan é fornecer a vacina para países de baixa e média renda. Vietnã e Tailândia estão ao lado do Brasil no consórcio internacional para a produção da Butanvac.

Covas falou que o desenvolvimento da vacina começou há um ano. “De lá para cá, foi uma luta intensa de toda a equipe”, disse. Ele adiantou que os resultados dos testes pré-clínicos se mostraram extremamente promissores. A vacina foi enviada à Índia para ser testada em animais e, segundo o Butantan, teve resultados “excelentes”. Já os testes clínicos de fase 1 e 2 devem começar em abril e durar de 45 a 75 dias.

O presidente do Butantan acredita que a fase de estudos clínicos pode ser encurtada porque já há um conhecimento maior sobre vacinas contra a Covid-19. “O estudo pode ser feito de forma comparativa com as demais vacinas do ponto de vista imunológico.” Os voluntários dos ensaios clínicos são pessoas dos grupos que ainda não estão sendo vacinados no Brasil.

“A gente superou várias etapas, tem um bom produto, promissor. Tem algumas etapas ainda a superar, das fases clínicas, mas estamos bem confiantes”, disse Ricardo Oliveira, diretor de produção do Instituto Butantan.

Covas falou que essa é uma vacina mais imunogênica e, por isso, existe a possibilidade de ser aplicada em dose única. Fatores como quantidade de doses e o intervalo entre elas serão avaliados nos estudos clínicos. “Essa é a geração 2.0 da vacina. Nós aprendemos com as vacinas anteriores e agora sabemos o que é uma boa vacina para a Covid-19. Essa já incorpora algumas dessas modificações”, disse.

Não há nenhum recurso do Ministério da Saúde alocado no desenvolvimento da vacina neste momento. “Os recursos são do Butantan e do Estado de São Paulo”, disse Doria. Os estudos clínicos serão financiados pelo Instituto Butantan, que já tem recursos reservados para isso. Ainda não há um custo definido para a vacina, mas Dimas Covas acredita que ela será uma vacina “muito barata”.

Fonte: Com Estadão e El País

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