Anvisa esquece de mandar email e reunião de emergência de kit intubação é cancelada
Descaso
Os participantes ficaram esperando o email de confirmação da reunião, ou mesmo um telefonema - que não chegou. A reunião que ocorreria no domingo, 21, foi remarcada para terça, 23; a Agência diz que não houve esquecimento, e sim 'problema no disparo dos convites'.
A reunião de emergência marcada para discutir, no domingo, 21, a escassez de medicamentos para intubação de pacientes foi cancelada porque a Agência Nacional de Vigilência Sanitária – Anvisa não enviou o email que deveria convocar e confirmar o horário do encontro, segundo representantes da indústria.
A conversa foi acertada verbalmente no sábado, 20. Dela participariam diretores da Agência, representantes do Ministério da Saúde, da indústria, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde – Conasems e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde – Conass, que representa os estados.
Os participantes ficaram esperando o email de confirmação da reunião, ou mesmo um telefonema – que não chegou. O “cano” da Anvisa foi confirmado à coluna da jornalista Mônica Bergamo pelo Consasems e pelo Conass.
O presidente do Sindicato da Indústria Farmacêutica do Estado de São Paulo – Sindusfarma, Nelson Mussolini, que representa 12 fabricantes de medicamentos, também confirmou o problema.
Segundo ele, um dos diretores da Anvisa, Romison Mota, explicou que estava tudo marcado -mas que a assistente dele não apertou o botão de “enviar” para que a mensagem chegasse ao email dos que deveriam participar da reunião.
Mussolini não critica a Agência, diz que o problema foi involuntário e faz questão de dizer que o diretor Romison Mota está empenhado em resolver o problema.
A reunião foi remarcada para a terça, 23. A Anvisa afirma que a “informação procede, em parte”. “Mas a culpa não é da assistente. Houve um problema no sistema de agendamento, e após verificar o problema foi enviado mensagem aos participantes” para explicar a falha.
“Importante informar que o objetivo da Anvisa, ao intermediar o agendamento da reunião, foi de contribuir para a aproximação do diálogo entre as indústrias e o Ministério da Saúde.
“Lamentamos o ocorrido e nos colocamos à disposição para intermediar, caso necessário, outro agendamento”, afirmou a Agência em mensagem enviada à coluna.
O Brasil vive uma crise de abastecimento de medicamentos usados para a intubação de pacientes com Covid-19 em UTIs. Estoques estão vazios e estados e municípios alertam que eles podem acabar em poucos dias.
O Ministério da Saúde já requisitou medicamentos à indústria para abastecer o SUS. Os hospitais privados dizem que a medida pode piorar o problema, gerando desabastecimento em suas unidades.
Segundo a Associação Nacional de Hospitais Privados, os medicamentos podem acabar em 48 horas em algumas instituições se o problema não for resolvido.