Anvisa aprova uso emergencial da vacina da Johnson & Johnson
Saúde
Ministério da Saúde fechou a compra de 38 milhões de doses da vacina contra Covid-19, que requer apenas uma aplicação. Lotes só devem chegar no segundo semestre.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa aprovou por unanimidade na quarta-feira, 31, o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen contra a Covid-19. Dentre os principais imunizantes no mercado, este é o único que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a vacinação. O governo federal fechou contrato para comprar o produto, mas não há previsão de entrega no 1º semestre. Na mesma reunião, a Agência negou a solicitação do Ministério da Saúde para autorização excepcional e temporária para importar e distribuir a vacina indiana Covaxin.
O contrato do governo federal com a Janssen é para adquirir 38 milhões de doses, que só vão chegar a partir de julho, com previsão de entrega até dezembro de 2021. A vacina contra Covid-19 da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, registrou eficácia global de 66%, e se mostrou eficaz em 85% para casos graves. Este imunizante é o 4º aprovado para uso no Brasil – os outros são da Pfizer, Oxford/AstraZeneca, ambos com registro definitivo, e Coronavac, parceria da chinesa Sinovac e Instituto Butantan, de São Paulo, para utilização emergencial.
Até agora, no entanto, as duas vacinas americanas não chegaram ao Brasil e a campanha nacional de imunização tem usado apenas a Coronavac e a vacina de Oxford. Especialistas têm criticado o ritmo lento da imunização, essencial para frear o avanço do novo coronavírus. Nos últimos dias, a média de mortes pela doença se aproximou dos 3 mil registros diários.
Para Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, a vacina da Janssen tem boa eficácia, mas não foi tão bem em estudos na África do Sul, provavelmente por causa da variante do coronavírus que estava circulando por lá. “É um imunizante de uma dose apenas e isso permite vacinar o dobro de pessoas em relação às outras vacinas. Com ela a cobertura vacinal pode aumentar muito e outro dado importante é que pode ser conservada entre 2°C e 8°C, o que ajuda bastante na logística”, diz.
O especialista lamenta que, apesar da licença para uso emergencial no Brasil, a vacina ainda não está disponível no País. “Demoramos para fechar o acordo de uma vacina que estava sendo estudada aqui. Poderíamos ter tido prioridade na compra. Tem a licença para uso, mas ainda não recebemos pois o governo demorou a fazer contrato e elas só chegam depois. Estamos precisando delas neste momento crítico da pandemia”, avisou.
No fim de janeiro, a Johnson & Johnson informou que sua vacina de dose única tem eficácia média de 66% na prevenção da Covid-19. Os testes foram feitos em três continentes, e o imunizante mostrou resultados robustos, em diferentes níveis, também contra mutações do coronavírus, sobretudo para evitar casos graves.
No ensaio com quase 44 mil voluntários, o nível de proteção contra a Covid-19 moderada e severa variou de 72% nos Estados Unidos a 66% na América Latina e 57% na África do Sul, onde uma variante preocupante se espalhou. Contra casos graves da doença e hospitalizações, a eficácia foi de 85%. A vacina pode ser armazenada por pelo menos três meses em temperaturas de 2 ºC a 8 ºC. Em temperaturas de 20 ºC negativos, ela pode ficar estável por dois anos.