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Zerar encargos trabalhistas não cria empregos, diz especialista do Dieese

Economia

Ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu que o país criará milhões de empregos zerando encargos trabalhistas. O otimismo do ministro esbarra na realidade da reforma trabalhista, que alterou mais de 100 pontos da CLT, mas não criou os seis milhões de empregos prometidos.

A ideia do ministro da Economia, Paulo Guedes, de zerar os encargos trabalhistas para, supostamente, criar empregos é mais uma ilusão do atual governo. É o que avalia a coordenadora de pesquisa do Dieese, Patrícia Pelatieri, em entrevista à Rede Brasil Atual, ontem, 25.

Segundo Patrícia, até mesmo os economistas liberais rejeitam essa associação, porque não se sustenta. “Com a desoneração, é mais óbvio que ocorram ajustes internos nas empresas, aumentando a margem de lucro. Foi o que ocorreu com a desoneração feita pela ex-presidente Dilma Rousseff, que não gerou empregos. Há diversos estudos que desmentem a fala do ministro, que quer vender uma ilusão que não se sustenta”.

A justificativa de Guedes é de que os empresários, isentos de impostos, contribuirão para o crescimento do país. Entretanto, a especialista do Dieese lembra que esta não é a lógica do capital. “As empresas utilizam essa desoneração para fazer recuperação da margem de lucros, como eles mesmos já falaram. Com a crise, eles reduziram essa margem, mas com a desoneração, recompõem. A lógica do capital não é uma lógica social, mas do lucro. Em primeiro lugar, sempre virá o dinheiro, independentemente da taxa de desemprego”, afirmou.

Na visão de Guedes, o imposto “mais cruel” que existe atualmente no país é justamente o que incide sobre as folhas de pagamentos das empresas. “Aqui você tem que desempregar para poder empregar, porque um trabalhador acaba custando o valor de dois. Precisamos acabar com o imposto mais cruel que existe no Brasil, que é o sobre a folha de pagamentos. Alguém que está isento de impostos fará essa contribuição [de gerar novos empregos]”, apostou.

Para Guedes, existe boa relação entre Planalto e Congresso quando o tema gira em torna das reformas econômicas. “Estamos no caminho certo, tenho cada vez mais convicção de que vai dar tudo certo. Estamos indo na direção correta, temos um Congresso que abraçou as reformas”.

O otimismo do ministro esbarra na realidade dos trabalhadores do país. Dois anos depois da aprovação da reforma trabalhista, o que se vê é crescimento constante no desemprego e no aumento de subempregos e trabalhos informais.

Doze milhões de brasileiros estão desempregados e a desculpa é a modernização dos direitos trabalhistas. A promessa era a criação de cerca de seis milhões de empregos no prazo de um ano.

Fonte: Com Rede Brasil Atual, Valor Econômico e Revista Fórum
CNTS

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