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Foto: Tatiana Fortes/Gov. do Ceará

Vítima-padrão de Covid-19 no Brasil é homem, pobre e negro

Brasil

Dados do SUS mostram perfil dos brasileiros que perderam a vida em maior número por causa da pandemia. Em comum, eles têm a cor, a idade e a falta de oportunidades.

Dados coletados no Sistema Sivep-Gripe, do OpenDataSUS, mantido pelo Sistema Único de Saúde, apontaram qual a vítima-padrão da Covid-19 no Brasil. O levantamento feito pela revista Época aponta que, de 64.900 vítimas, a conclusão é que, por razões socioeconômicas e sociodemográficas, a doença matou mais pobres e pardos, mais homens que mulheres e mais jovens do que em outros países onde a pandemia inviabilizou sistemas de saúde, como na Itália e na Espanha.

Por meio do Sistema Sivep-Gripe, é possível ler o que cada profissional da saúde escreveu na ficha de cada paciente infectado pelo novo coronavírus no Brasil. A inserção tem certa defasagem: na terça-feira 30, última coleta feita pela reportagem da Época, eram contabilizadas 54.488 mortes, enquanto os números do Ministério da Saúde estavam em 60 mil.

Sexo, idade e localização são as informações mais completas nas fichas pesquisadas. Com isso, é possível saber que 96% dos pacientes que morreram de Covid-19 após serem internados no Brasil viviam em zonas urbanas e quase seis em cada dez eram homens. A cor da pele é preenchida em cerca de dois terços das fichas e, apesar das lacunas, os números evidenciam o impacto da desigualdade.

Das vítimas cuja cor foi identificada, 61% constam como pardas e pretas, enquanto, segundo o IBGE, os pardos e pretos no país representam 54%. No Norte, 86% das vítimas eram pardas e pretas, um número proporcionalmente maior do que a desses fenótipos na população da região – que é de 76%. No Nordeste, eram 82% dos mortos, mesmo sendo apenas 70% da população, de acordo com o IBGE.

Ao analisar a média de idade das vítimas, o levantamento mostra importantes oscilações entre os estados — em Mato Grosso, 40% dos mortos tinham menos de 60 anos, enquanto no Rio Grande do Sul apenas 21% estavam nessa faixa –, e também que os brasileiros morreram mais jovens na comparação internacional.

No Brasil, a média para mulheres é de 70 anos e para os homens de 67. Mas, quando se observa as idades por categorias, há maior percentual de vítimas mais jovens do que a média de países europeus. No Brasil, cerca de 6% das vítimas tinham entre 40 e 49 anos, enquanto em países como Itália, Espanha e Suécia, esse porcentual não passou de 1%.

Já entre 50 e 59 anos, os brasileiros que morreram em decorrência da pandemia superavam 10% do total. Nos três países europeus, as vítimas nessa faixa etária eram menos de 5%. Na Espanha e na Itália, 40% das vítimas tinham entre 80 e 90 anos. No Brasil, essa faixa correspondia a cerca de 20% dos mortos. Nos Estados Unidos, 19% dos mortos tinham menos de 65 anos. No Brasil, 26% tinham menos de 60 anos.

Fonte: Revista Época
CNTS

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