Todos Estados e DF estão com ‘estoque crítico’ de kit intubação
Saúde
Levantamento feito pelo Ministério da Saúde mostra que há dificuldade de abastecimento de bloqueadores musculares, sedativos e analgésicos; governo federal diz estar em tratativas para receber remédios da Espanha e tenta doação com União Europeia.
Um levantamento do Ministério da Saúde aponta que todos os Estados brasileiros e o Distrito Federal estão em “estoque crítico” de abastecimento de medicamentos para intubação de pacientes em meio ao agravamento da pandemia da Covid-19. Em audiência pública na terça-feira, 30, o secretário de Atenção Especializada à Saúde da pasta, coronel Luiz Otávio Franco Duarte, admitiu que houve um “desequilíbrio nacional muito rápido”.
Ele anunciou que o governo federal irá receber a importação de produtos por meio da Organização Pan-Americana da Saúde – Opas e está em tratativas para receber doações da Espanha e de uma multinacional com sede no Brasil, além de haver uma “tentativa de doação” com a União Europeia. “Para essa semana, dependo de atitudes diretas com a indústria nacional”, destacou ao frisar que importações não são estimadas para os próximos dias.
Segundo o levantamento, todas as unidades federativas estão com “estoque crítico” de bloqueadores musculares, enquanto nove estão também com abastecimento insuficiente de analgésicos – Acre, Amapá, Alagoas, Distrito Federal, Ceará, Maranhão, Roraima, Rio de Janeiro e Tocantins – e 18 de sedativos – AC, AL, AP, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MT, PI, PR, RJ, RN, RO, RR, SE e TO.
O secretário destacou que as requisições feitas aos fabricantes foram exclusivamente de unidades que não estavam comprometidas em contratos com os setores público e privado. Além disso, voltou a dizer que, neste momento, os estoques indicados são para até sete dias, como “nível se segurança”, e, caso seja superior, a indicação é haver empréstimos para outros municípios e instituições.
Na audiência, um dos diretores da Federação Brasileira de Hospitais, que representa o setor privado, afirmou na mesma audiência pública que hospitais de pequeno e médio porte do interior já enfrentam falta de medicamentos. “Desde a semana passada, hospitais fecham leitos porque não tem como atender os pacientes”, afirmou.
Remédios liberados para apenas 12 horas – Na segunda-feira, 29, o governo do estado de São Paulo disse, que após constantes cobranças da Secretaria de Estado da Saúde por medidas urgentes ao Ministério da Saúde para auxílio no fornecimento de medicamentos para intubação, o governo federal liberou para o Estado de São Paulo somente 65.770 ampolas de neurobloqueadores e anestésicos.
“O que corresponde a apenas 1,9% do que é preciso para atender a demanda mensal da rede pública de saúde de SP, de 3,5 milhões de ampolas. Essa quantidade equivale à necessidade para consumo por cerca de 12 horas na rede pública de saúde”, diz em nota.
Em resposta, o Ministério da Saúde esclarece estar em esforço contínuo para evitar o desabastecimento de medicamentos para intubação orotraqueal no Brasil e que já garantiu mais de 2,8 milhões de unidades após diversos acordos fechados com indústrias farmacêuticas nos últimos dias. A ação reforça o compromisso do governo federal no apoio irrestrito aos gestores locais do Sistema Único de Saúde – SUS para salvar vidas.