Temer admite que reforma da Previdência não sai em seu governo

A última pá de terra foi colocada e a reforma da Previdência do governo deve ser enterrada de vez. O encarregado de dar os pêsames foi o próprio presidente Michel Temer, que admitiu a possibilidade de uma derrota do governo ao tentar aprovar a Proposta de Emenda à Constituição 287/16, acreditando que a reforma pode não ser votada sequer em seu governo.

Num raro momento de reflexão acerca do sentimento da nação, alijada dos debates que definiram forma e conteúdo das propostas de reforma do governo, o presidente reconheceu as resistências ao projeto. “A reforma da Previdência não é minha, não é pessoal, é do governo compartilhado. Na verdade, se num dado momento a sociedade não quer a reforma da Previdência, a mídia não quer a reforma da Previdência e a combate e, naturalmente, o parlamento, que ecoa as vozes da sociedade, também não quiser aprová-la, paciência”.

A culpa é do Janot – Numa clara tentativa de limpar a imagem do governo, já maculada após duas denúncias da Procuradoria-Geral da República e inúmeras delações que apontam a participação do presidente e aliados em esquemas de corrupção, o presidente disse ainda que, caso o ex-PGR não tivesse ingerências no processo, as mudanças nas aposentadorias já teriam sido aprovadas pela Câmara dos Deputados. Segundo Temer, “o objetivo da trama para me derrubar era impedir que indicasse a atual procuradora-geral, Raquel Dodge, para o posto de substituta dele”.

Na tentativa de desvincular o governo de um revés no Congresso, o chefe do Executivo disse ainda que “não é a derrota eventual, ou não votação da Previdência, que inviabiliza o governo. O governo já se fez, já foi feito e continuará a se fazer. Muitos pretendem derrotá-la [reforma previdenciária] supondo que, derrotando-a, derrotam o governo”, disse.

Idade Mínima – No Planalto, auxiliares de Temer reconhecem que a idade mínima é o eixo central e mínimo para que a reforma tenha algum efeito e mantenha o discurso de vitória do governo. No entanto, até então, apenas parlamentares da base admitiam publicamente uma redução da proposta original. O presidente não tocava no assunto tão claramente. A equipe econômica forçava a votação e pressionava publicamente, enquanto ministros do entorno de Temer, como Eliseu Padilha, da Casa Civil, defendiam a “reforma possível”.

Maia quer última tentativa – Em outra linha, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobrou que o Palácio do Planalto “repactue” sua base aliada para que a Casa tente votar a reforma. Porém, Maia disse que os deputados saíram “machucados” da votação das duas denúncias contra Temer. “Não adianta culpar A, B ou C. Nós passamos cinco meses aqui em momento de muita tensão e desgaste na base. O governo precisa urgentemente reorganizar sua base para viabilizar uma votação”, disse, numa referência indireta à delação da J&F que implicou Temer. 






CNTS

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