20
Foto: Reprodução de vídeo do Youtube de Jair Bolsonaro

Sob tutela de Bolsonaro, crescimento pífio e desemprego alto

Política

PIB de 2019 cresceu 1,1%, menor avanço em três anos consecutivos de crescimento do país. Michel Temer, que teve o mandato-tampão tumultuado pelo grampo do Jaburu, tinha números melhores que o atual presidente.

O Produto Interno Bruto – PIB brasileiro de 2019 cresceu 1,1% frente ao ano anterior, de acordo com dados divulgados ontem, 4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Esse é o menor avanço em três anos consecutivos de crescimento do país. O resultado é menor do que a taxa de 1,3% obtida nos dois anos de Michel Temer.

Olhando para a composição do PIB de 2019, quase tudo piorou, a começar pelos investimentos, que devem ser a alavanca do crescimento. No ano passado, os investimentos avançaram 2,2% contra os 3,9% de 2018. Também o consumo das famílias perdeu força, com salto de apenas 1,8%.

A taxa de investimentos em relação ao PIB subiu ligeiramente, de 15,2% para 15,4%, mas a taxa de poupança caiu, de 12,4% para 12,2%. Ou seja, além de não ter investimentos suficientes para garantir crescimento contínuo acima de 3% ao ano, o país não tem dinheiro suficiente para bancar os investimentos. Isso mostra que o Brasil está cada vez mais dependente do capital estrangeiro para crescer. Mas como atrair capital externo se o presidente não passa a menor confiança aos donos do dinheiro?

Quando assumiu o Ministério da Economia, Paulo Guedes informou que o Brasil alcançaria taxas de crescimento mais robustas escorando sua política econômica em “três pilares”: reforma da Previdência, privatizações aceleradas e uma mexida tributária capaz de produzir simplificação, redução e eliminação de impostos. Com o presidente Bolsonaro criando crises atrás de crises desde que assumiu, o Congresso Nacional aprovou a mais ampla reforma em 30 anos, porém, o governo não conseguiu as privatizações aceleradas e desistiu de entregar uma proposta de reforma tributária. E até agora mantém na gaveta a reforma administrativa.

Vale lembrar que tanto o governo quanto analistas de mercado juravam que após a aprovação do combo catástrofe: Emenda do Teto dos Gastos, reforma trabalhista e reforma previdenciária, não só a economia brasileira como os empregos com carteira assinada daria saltos gigantescos.

Ou seja, prometeram aos trabalhadores e ao naco pobre da população que, ao limitar recursos para serviços públicos e retirar proteções à saúde e segurança de empregados, entregariam, em troca, postos de trabalho com qualidade.

A realidade, contudo, é que a geração de vagas formais segue sonolenta. O desemprego cai, mas não na velocidade que o país precisa. O país ainda tem 11,9 milhões de pessoas desocupadas, representando 11,2% da população no trimestre encerrado em janeiro deste ano, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD Contínua do IBGE.

A taxa de informalidade é de 40,7% e os que gostariam de trabalhar mais, porém não encontram serviço, é de 26,4 milhões – 23,2% do total. E um dos dados mais complicados: os que desistiram de procurar emprego porque simplesmente acreditam que não vão encontrar é de 4,7 milhões.

Enquanto isso, 3,5 milhões de pessoas aguardam na fila para receber o pouco que vem do Bolsa Família. Para a subprocuradora-geral da República, Deborah Duprat, que está à frente da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal – MPF, isso é “consequência de um Estado que está precarizando direitos, furtando-se de suas obrigações constitucionais de garantir qualidade de vida a quem mais precisa”.

Isso sem falar na espera, com meses de espera, para ter o pedido de aposentadoria atendido. A mesma aposentadoria que se tornaria um sistema maravilhoso após a reforma da Previdência.

Pouco pão e muito circo – O truque já ficou manjado. Quando se vê diante de uma notícia ruim, Jair Bolsonaro apela à bizarrice para desviar a atenção. Ontem, o presidente recrutou um humorista para substituí-lo no contato matinal com a imprensa. O objetivo era se esconder de perguntas sobre o pibinho do ano passado.

Os romanos desenvolveram o método de governar com pão e circo. Distribuíam comida para evitar revoltas e promoviam espetáculos para distrair a plebe. Bolsonaro acha que é possível imitar a fórmula com pouco pão e muito circo.

Enquanto continuar achando que está no palanque ou num picadeiro de circo, em vez de exercer o papel para o qual foi eleito, o de presidente da República, Bolsonaro só contribuirá para estimular clima de incerteza que atrapalha seriamente o país.

Fonte: Com Correio Braziliense, UOL e O Globo
CNTS

Deixe sua opinião

Enviando seu comentário...
Houve um erro ao publicar seu comentário, por favor, tente novamente.
Por favor, confirme que você não é um robô.
Robô detectado. O comentário não pôde ser enviado.
Obrigado por seu comentário. Sua mensagem foi enviada para aprovação e estará disponível em breve.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *