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Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Sob a presidência de Bolsonaro, o país é ridicularizado

Política

Presidente insulta repórter da Folha de São Paulo, descendo mais um nível em suas declarações grosseiras, e agora também misóginas. O ataque de Bolsonaro teve repercussão, o jornal espanhol El País afirmou que nunca um presidente brasileiro foi tão vulgar.

Agindo na posição que se sente mais confortável, a de tiozão de grupo de WhatsApp, o presidente Jair Bolsonaro repetiu a grotesca violência de cunho sexual contra a repórter Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de São Paulo, na manhã de ontem, 18, em frente ao Palácio do Alvorada. A agressão já havia sido feita por um depoente na CPMI das Fake News e por seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro. “Ela queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”, afirmou Bolsonaro em entrevista a jornalistas.

Ao afirmar – de forma inconcebível para o líder de uma democracia – que uma jornalista ofereceu sexo em troca de informações, ele reforça a percepção de que é incapaz de ocupar a Presidência da República. A Presidência tem poderes e tem obrigações. O presidente tem usado os seus poderes para descumprir suas obrigações. Diariamente.

Deixemos de lado o fato de Patrícia ser jornalista. Ela é mulher. Poderia ser uma economista, uma copeira, uma faxineira, uma jogadora de futebol. Ela foi exposta com insinuações sexuais por um presidente, como nunca o Brasil viu. A violência das palavras de um chefe de Estado reverbera em todas as esquinas e rincões do Brasil. Já se matam uma mulher a cada duas horas aqui; um estupro acontece a cada 11 minutos. Esses dados não vão melhorar se o comandante do país insulta uma mulher para se esquivar de responder sobre a alta no preço da gasolina e ou de uma carta assinada pelos governadores o criticando. Não há prosperidade num país onde se quer estabelecer o medo como forma de governo.

“Nunca na democracia um chefe de Estado havia caído tão baixo apelando à vulgaridade para falsear a realidade. Quiçá no mundo. Nem Donald Trump chegou a tanto”, este foi o editorial do jornal espanhol El País.

O machismo e o desprezo de Bolsonaro por mulheres não são recentes. As falas de Jair vão desde apologia à exploração sexual de brasileiras, defender que mulher ganhe menos porque engravida e a estupro. Todos sabiam do que ele era capaz, mas editou a si próprio para fazer sua campanha e venceu.

Desde então, o espetáculo de horror se repete toda manhã. Bolsonaro chega com seus seguranças e sua claque, ofende alguém ou alguma instituição, ataca e debocha dos jornalistas, faz gestos obscenos, manda os repórteres calarem a boca. Diariamente, ele exibe sua prepotência primitiva. A lista dos alvos do presidente é imensa: os governadores, os portadores de HIV, os indígenas, os ambientalistas, a primeira-dama da França, os estudantes, os trabalhadores, Paulo Freire. Jornalistas são uma “raça em extinção”; governadores do Nordeste são os “governadores Paraíba”; o repórter na porta do Palácio tinha uma cara de “homossexual terrível”; ONGs incendiaram a Amazônia e ambientalistas devem ser confinados; os índios “estão evoluindo e cada vez mais são seres humanos como nós”; os portadores de HIV custam caro ao país; Paulo Freire não pode descansar em paz, é o “energúmeno”.

Em sua coluna no jornal o Globo, a jornalista Miriam Leitão ressalta que “o problema no Brasil neste momento é que o presidente radicalizou, exibe uma agressividade descontrolada, e os outros poderes se encolheram diante desse extremismo. É assim que as democracias morrem. Elas vão sendo desmoralizadas aos poucos, as instituições vão se omitindo e se cansando das batalhas diárias, as pessoas vão se acostumando aos absurdos. O país passa a achar normal o que é na verdade inconcebível e acaba por aceitar o inaceitável, como um presidente que ofende o cargo que ocupa”.

Fonte: Com El País, O Globo, UOL, Correio Braziliense
CNTS

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