Senadores e centrais definem estratégias contra a reforma trabalhista
As entidades sindicais devem se mobilizar de hoje até terça-feira no sentido de convencer os senadores dos malefícios da reforma trabalhista, cujo relatório deve ser votado dia 6 de junho, na comissão de Assuntos Econômicos do Senado. A estratégia de enfretamento, definida em reunião com os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Paulo Paim (PT-RS) na quarta-feira, 31, consiste na visita aos parlamentares nos estados e mobilização nos aeroportos. Os senadores garantiram colaborar no que for possível, para que o texto da reforma trabalhista aprovado pelos deputados seja alterado, por não concordar com a “flexibilização” de direitos da classe trabalhadora.
O tesoureiro-geral da CNTS, Adair Vassoler, avaliou o encontro como positivo e relatou que esse é o momento de o movimento sindical se unir para barrar alguns pontos da reforma. “O encontro teve grande participação das entidades sindicais. Isso mostra que não estamos parados e precisamos agir rápido. A CNTS está com o movimento e vamos fazer tudo o que for preciso para que alguns pontos da reforma sejam alterados”.
Paim classificou como “desumana e cruel” a reforma trabalhista e disse que se a proposta for mantida como está, agravará o conflito entre empregados e empregadores. Segundo ele, é preciso fazer ajustes no texto. O senador criticou o dispositivo que autoriza o trabalho intermitente e sublinhou que os trabalhadores não estão em posição favorável para livre negociação num cenário de desemprego elevado.
“Uma coisa é reformar leis obsoletas, outra é flexibilizar direitos que possam desiquilibrar a relação capital e trabalho. Coloco-me à disposição para que possamos discutir este tema com o presidente da casa, Eunício Oliveira. Mas precisamos estabelecer estratégias em todas as votações e conquistar apoios dos senadores com visitas em suas residências”, recomendou o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros.
Os sindicalistas foram informados da divisão da bancada peemedebista e que muitos parlamentares enxergam nas reformas a solução para retirar o país da crise econômica. Com pensamento contrário, Renan disse que tem feito restrições ao agravamento da recessão. “Só se sai da crise quando se investe no crescimento econômico; quando aumenta o poder de compra dos salários. Fazer o contrário é trafegar na contramão”, complementou.
Renan Calheiros assumiu o compromisso de marcar reunião com o presidente do Senado Federal, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), antes da votação programada para a próxima terça-feira, 6, na Comissão de Assuntos Econômicos – CAE. O líder do PMDB também revelou que o próprio relator da reforma trabalhista na CAE, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), compreende que existem sete pontos na reforma que não há como passar. Ferraço, segundo Renan, sinalizou que se a casa aprovar mudança nestes sete pontos, ele vai assumir em seu relatório final.
O senador Roberto Requião alertou que estamos em um processo do ponto de vista econômico extremamente burro, que caminhamos na contramão da retomada do crescimento. Ele reforçou a impossibilidade de colocar o país nos trilhos por meio da precarização do trabalho; do corte nos investimentos públicos; do aumento de carga horária; absolutamente o contrário do que fazem os países que estiveram em grave crise de recessão e que retomaram a trajetória de desenvolvimento por meio do incremento do investimento público; da diminuição da carga horária para estimular a geração de empregos; e reformas trabalhistas apenas no sentido de aumentar o poder aquisitivo do trabalhador, incrementando o mercado consumidor interno.
Nova greve
Lideranças das centrais sindicais se reuniram, nesta segunda-feira, 29, em São Paulo, onde avaliaram como positivas as manifestações ocorridas em Brasília, dia 24 de maio no Ocupe Brasília. Os sindicalistas falam em “grande união da classe trabalhadora e adesão maciça da população” contra as reformas trabalhista-sindical (PLC 38/17 – PL 6.787/16) e previdenciária (PEC 287/16) propostas pelo governo. Os representantes das centrais também aproveitaram para organizar nova greve geral, que deve ocorrer na última semana de junho, mas ainda sem data definida.
Na próxima segunda-feira (5), às 10h, as centrais sindicais farão nova reunião na sede da Nova Central, em São Paulo, para definir os próximos passos do movimento sindical contra as reformas do governo do presidente Michel Temer (PMDB).
Situação das reformas
A trabalhista-sindical está em discussão no Senado, na Comissão de Assuntos Econômicos – CAE, onde foi lido e debatido o parecer favorável do relator, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), nesta terça-feira, 30.
A previdenciária aguarda inclusão na pauta do plenário para votação em primeiro turno. O governo ainda não reúne os votos necessários para aprovar a proposta. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) anunciou que pretende pautar a matéria para o início de junho. (Com informações NCST e Diap)