
Relatório da OMS alerta para escassez global de profissionais da Enfermagem
Enfermagem
Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em maio deste ano, acende um alerta global sobre a crescente escassez de profissionais de enfermagem, o que compromete tanto a segurança desses trabalhadores quanto a qualidade dos serviços de saúde prestados em todo o mundo.
Atualmente, a força de trabalho global de enfermagem chegou a 29,8 milhões em 2023, um aumento de quase 2 milhões em relação a 2018. Apesar desse crescimento, o número ainda é insuficiente para atender às necessidades globais, já que a projeção de déficit para 2030 é de 4,1 milhões de profissionais de enfermagem, principalmente nas regiões mais pobres do planeta.
O relatório também aponta uma queda preocupante na formação de novos profissionais. Em 2018, havia 81 enfermeiros graduados para cada 10 mil habitantes; em 2023, esse número despencou para apenas 24. A recomendação da OMS é de, no mínimo, 30 enfermeiros para cada 10 mil habitantes.
Na região das Américas, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), 40% dos países possuem menos profissionais de enfermagem do que o recomendado, mesmo que esses trabalhadores representem 63% de toda a força de trabalho em saúde na região.
Outro dado que chama atenção é que a força de trabalho em enfermagem é relativamente jovem: 33% dos profissionais têm menos de 35 anos, enquanto 19% estão prestes a se aposentar na próxima década. Nos países de alta renda, as aposentadorias tendem a superar o ingresso de novos profissionais, o que agrava ainda mais o risco de escassez e compromete a formação de novas gerações.
O relatório da OMS também denuncia as precárias condições de trabalho que assolam a categoria em nível global. Entre os principais problemas estão a ausência de políticas específicas para jornada de trabalho, vínculos empregatícios precários, sobrecarga, falta de programas de saúde mental e bem-estar, além de salários desvalorizados.
No contexto brasileiro, a situação exige atenção urgente. A falta de políticas públicas estruturadas e de ações efetivas por parte das autoridades ameaça agravar a já preocupante situação dos profissionais da enfermagem. A categoria enfrenta uma rotina marcada pela sobrecarga de trabalho, salários vergonhosos, assédio moral, esgotamento físico e mental, além de altos índices de burnout e problemas psicológicos. O que tem levado muitos profissionais a abandonar a profissão.
Diante desse cenário alarmante, a CNTS reforça a necessidade imediata da aprovação da PEC 19/2024, que representa um avanço fundamental para a valorização da categoria. Além disso, é indispensável a aprovação de pautas estruturantes, como a regulamentação do dimensionamento adequado das equipes, a redução da jornada de trabalho e, sobretudo, a garantia de condições dignas, seguras e humanas de trabalho.
O relatório da OMS é categórico: sem investimentos robustos na formação, na criação de empregos e na valorização profissional da enfermagem, os sistemas de saúde não conseguirão assegurar acesso, qualidade e equidade no atendimento.