Profissionais de saúde relatam medo e insegurança nos locais de trabalho
Notícias de violência contra profissionais de saúde têm se tornado constantes nos últimos meses. No Rio de Janeiro, funcionários das Unidades de Pronto Atendimento – UPA estão pedindo socorro. Além dos problemas estruturais e financeiros, os profissionais denunciam a falta de segurança dentro das unidades. Segundo relatos, criminosos têm invadido os espaços e chegam a determinar quem deverá ser atendido com prioridade. Os trabalhadores de saúde têm trabalhado sob a ameaça de facções criminosas, para atender uma demanda de feridos cada vez maior.
Em Belo Horizonte, por conta da retirada dos guardas municipais, além da exclusão de porteiros e dos funcionários que trabalhavam na recepção dos centros de saúde, os funcionários da UPA tiveram que paralisar os trabalhos. Levantamento apontou que, em 2017, foram registradas mais de 50 ocorrências de violência aos centros de saúde da capital mineira.
A pesquisa ‘Perfil da Enfermagem’, realizada pelo Cofen em parceria com a FioCruz, revela que 70% dos profissionais de enfermagem se sentem inseguros no ambiente de trabalho. Muitos relatam que já foram ofendidos e até agredidos por pacientes e acompanhantes. Os trabalhadores alegam que o motivo das agressões que eles sofrem é justamente a falta de estrutura. O atendimento demora por causa da falta de médicos, por exemplo, e as pessoas acabam descontando na enfermagem, profissionais que passam a maior parte do tempo à beira dos leitos.
Ao todo, 19% responderam que existe violência nos lugares que trabalham e 71% afirmaram que há pouca segurança. Já 66% sofreram algum tipo de desgaste profissional, seja por exposição ao risco de agressão, excesso de trabalho ou falta de estrutura para desempenharem bem suas funções. Os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem representam cerca de 70% do quadro de profissionais e são responsáveis por 60% das ações de saúde em uma instituição hospitalar.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde sugeriu ao deputado Paulo Fernando dos Santos – Paulão (PT-AL), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, e ao senador Paulo Paim (PT-RS), da Comissão de Direitos Humanos do Senado, a realização de audiência pública no âmbito do colegiado, para discutir a grave questão da violência moral e física sofrida pelos trabalhadores da saúde. Os casos de agressões vêm se repetindo e atingem trabalhadores desde a área administrativa até médicos, mas principalmente, profissionais da enfermagem.
“Para nós, a segurança é uma questão de direito, de saúde e de qualidade no exercício profissional, sendo indispensável dispor de condições adequadas para o trabalho. Estudos apontam que o desgaste físico e psicológico pode expor o trabalhador e o usuário/cliente a erros de procedimentos, acidentes de trabalho e doenças ocupacionais”, destaca o secretário-geral da CNTS, Valdirlei Castagna. (Com informações R7 e EM)