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Foto: Pedro França/Agência Senado

Pressionado por fim de doses, Pazuello promete vacinas sem confirmação de entrega

Vacinação no Brasil

Ministro da Saúde apresentou um cronograma que prevê a entrega até mesmo de vacinas que ainda não foram contratadas, como a Sputnik, Covaxin e Moderna.

Pressionado pela escassez de doses de vacina da Covid-19, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, repetiu nesta quarta-feira, 17, que toda a população será imunizada em 2021. Até julho, seriam 230 milhões de doses. Mas apresentou aos governadores cronograma que prevê a entrega até de vacinas que ainda não foram contratadas ou aprovadas para uso no Brasil, como Sputnik e Covaxin. O calendário federal também ignora atrasos, como a demora na chegada dos insumos para a produzir a Coronavac.

“Temos uma previsão fantástica de recebimento de vacinas”, afirmou Pazuello aos governadores, segundo uma autoridade que acompanhou a reunião. A cobrança sobre o ministro tem aumentado, ao mesmo tempo em que cidades do Rio de Janeiro, Salvador e Cuiabá começaram a interromper suas campanhas de vacinação diante do fim dos estoques. “Não basta calendário. É preciso, urgente, ampliar a quantidade de doses de vacina”, disse a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT).

O ministro disse que serão entregues aos Estados ainda em fevereiro 11,3 milhões de doses, sendo 9,3 milhões de doses da CoronaVac envasadas pelo Instituto Butantan. No entanto, as atualizações do Instituto Butantan não batem com as informadas pelo governo federal. Ontem, durante coletiva do governo de São Paulo, que precedeu a reunião com os governadores, o diretor do Butantan, Dimas Covas, informou que serão entregues em oito dias mais 3,4 milhões de doses da CoronaVac, a partir da próxima terça-feira, 23. Ou seja, serão liberadas, em média, 426 mil doses por dia de 23 de fevereiro a 2 de março.

Com isso, a remessa enviada em fevereiro não atenderá nem metade do previsto em contrato para o mês. Dos 9,3 milhões de doses, estarão nas mãos do Ministério da Saúde aproximadamente 4,5 milhões, já contando com 1,1 milhão distribuído aos entes federativos na primeira semana do mês

Além da remessa da CoronaVac, o Ministério da Saúde espera que cheguem até quinta-feira, 25, mais 2 milhões doses a serem importadas prontas da Índia do imunizante desenvolvido pela AstraZeneca em parceira com a Universidade de Oxford.

A entrega da vacina da AstraZeneca, no entanto, ainda não foi confirmada pelas autoridades indianas, que no início do ano dificultaram uma primeira exportação de 2 milhões de doses ao Brasil para priorizar a vacinação interna. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, que é responsável pela importação, a compra ainda está sendo negociada.

“Cronograma” – O cronograma de Pazuello apontava que o Brasil receberia cerca de 454,9 milhões de doses de vacinas em 2021 e traz detalhamento mês a mês. Para março, o governo federal prevê 400 mil doses da russa Sputnik. O pedido de aplicação emergencial ainda está sob análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, que já facilitou as regras para liberar esse tipo de uso no Brasil. A pressão para descomplicar o caminho da Sputnik vem de parlamentares, que tentam mudar regras por meio de medida provisória. No plano de Pazuello, a ideia é usar 10 milhões de doses do imunizante, importadas da Rússia.

A Covaxin já teve a aprovação para uso emergencial na Índia, mas os dados da fase 3 dos ensaios clínicos do imunizante, que mostram a taxa de eficácia, ainda não foram divulgados. A apresentação desses resultados é essencial para a aprovação do produto pela Anvisa.

Pazuello ainda apontou como “possibilidades” a compra das vacinas da Pfizer, com previsão de entrega de cerca de 8,71 milhões de doses em julho e outras 32 milhões em dezembro, além da compra de 16,9 milhões de unidades da Janssen. Essas negociações, disse ele, enfrentam “óbices” jurídicos”.

Pelo cronograma apresentado pelo ministro, a distribuição das doses até julho seria a seguinte:

Janeiro: 10.700.00 doses

– 2 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca fabricada na Índia

– 8,7 milhões da Coronavac

Fevereiro: 11.305.000 doses

– 2 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca fabricada na Índia

– 9,305 milhões da Sinovac

Março: 46.033.200 doses

– 4 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca fabricada na Índia

– 12,9 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca envasada na Fiocruz

– 2,66 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca comprada via Covax Facility

– 18,06 milhões da Sinovac

– 400 mil doses da Sputnik V

– 8 milhões de doses da Covaxin

Abril: 57.262.258

– 4 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca fabricada na Índia

– 27,3 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca envasada na Fiocruz

– 15,96 milhões da Sinovac

– 2 milhões da Sputnik V

– 8 milhões da Covaxin

Maio: 46.232.258

– 28,6 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca envasada na Fiocruz

– 6,03 milhões da Sinovac

– 7,6 milhões da Sputnik V

– 4 milhões da Covaxin

Junho: 42.636.858

– 28,6 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca envasada na Fiocruz

– 8,04 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca comprada via Covax Facility

– 6,03 milhões da Sinovac

Julho: 16.548.387

– 3 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca envasada na Fiocruz

– 13,54 milhões da Sinovac

Fonte: Com Estadão, Correio Braziliense e Infomoney
CNTS

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