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Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Polarização leva eleição presidencial para segundo turno

Eleições 2018

Jair Bolsonaro e Fernando Haddad foram os mais votados no 1º turno e decidem pleito no próximo dia 28 de outubro.

O segundo turno entre Bolsonaro – 46,06% (48,9 milhões de votos) – e Haddad – 29,24% (30,6 milhões de votos) – é o retrato da polarização política que o Brasil enfrenta e acontece entre os dois candidatos mais rejeitados pelo eleitorado. A governabilidade, para quem quer que seja eleito, será um desafio. A Câmara teve a maior renovação dos últimos 24 anos – 53,4% – porém, ficou mais conservadora. Já no Senado, a renovação foi intensa. Dos 32 parlamentares que já exerciam mandatos e se candidataram, apenas oito conseguiram se reeleger. Ficaram de fora “caciques” como o próprio presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB-CE), e o líder do governo no Congresso, Romero Jucá (MDB-RR); além de nomes “tradicionais”, como Cristovam Buarque (PPS-DF), Roberto Requião (MDB-PR) e Magno Malta (PR-ES).

O Brasil fecha a primeira etapa do pleito de 2018 com a divisão entre eleitores do candidato Jair Bolsonaro, em franca vantagem com 46,7% dos votos válidos, e do petista Fernando Haddad, com 28,3%, que defende o legado do ex-presidente Lula. É água e óleo no Brasil de hoje. Fácil esperar sobressaltos até o próximo dia 28, quando o país viverá o segundo turno e definirá o 38º presidente da República depois de uma das eleições mais conturbadas da história democrática.

Militar reformado e deputado federal por quase três décadas, Jair Bolsonaro surfou na onda do antipetismo desde o início de sua campanha presidencial e insistiu em se vender como único candidato em condições de promover uma faxina na política e devolver a moralidade ao país. Do outro lado estará Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, que herdou a vaga de Lula no Partido dos Trabalhadores após o ex-presidente ter sido preso. Haddad chega ao segundo turno com a tarefa de derrotar a onda de ódio ao PT.

Senado Federal – De cada quatro senadores que tentaram a reeleição em 2018, três não conseguiram. Essa estatística marca a eleição mais surpreendente da história recente do Senado Federal. Desde a redemocratização do país, não houve um pleito que trouxesse tantas caras novas para o tapete azul do Congresso Nacional. No total, das 54 vagas em disputa neste ano, 46 serão ocupadas por novos nomes – renovação de mais de 85%. A partir de 2019, o Senado Federal será composto por parlamentares de 21 partidos diferentes.

A maior bancada continuará sendo do MDB, mas com uma redução significativa. Até 2018, o partido tinha 18 cadeiras. Agora terá 11. A segunda maior bancada será a do PSDB, que também caiu de 12 para oito assentos. O PT teve seu contingente de 12 congressistas reduzido pela metade. Além disso, PP e Rede ficarão com cinco candidatos cada. Cinco siglas conseguiram quatro senadores cada um: DEM, PSD, PT, PSDB e PSL. Já PDT, PHS, PPS, PSB e PTB terão dois senadores cada. Podemos, PR, PRB, PROS, PRP, PSC e Solidariedade ganharam um assento cada.

Câmara dos Deputados – Com um largo histórico de ofensas a minorias e às mulheres, sem tempo de tevê, sem alianças partidárias e com pouco dinheiro para fazer campanha, Jair Bolsonaro (PSL) parecia reunir todas as características de um candidato radical demais para ser levado a sério. Porém, a onda conservadora, que não conseguiu ser percebida pelos institutos de pesquisa na maioria dos estados, surpreendeu até mesmo os analistas políticos mais experientes, elegendo uma bancada mais robusta e vassala do capitão presidenciável.

Mais fragmentada do que nunca, a nova composição da Câmara contará com a representação de 30 partidos ante os atuais 25. Dos eleitos, aproximadamente 52% se identificam com o pensamento conservador – fator determinante que os impulsionou no pleito. As bancadas ficaram assim: PT – 56; PSL – 52; PP – 37; MDB – 34; PSD – 34; PR – 33; PSB – 32; PRB – 30; PSDB – 29; DEM – 29; PDT – 29; SD – 13; PODE – 11; PTB – 10; PSOL – 10; PCdoB – 9; PSC – 8; PROS – 8; PPS – 8; NOVO – 8; Avante – 7; PHS – 6; PATRI – 5; PV – 4; PRP – 4; PMN – 3; PTC – 2; DC – 1; REDE – 1; e PPL – 1.  O centrão – composto por partidos de viés fisiológico e considerados de suma importância para obtenção de governabilidade desde a redemocratização – reduziu sua bancada em 13%, passando dos atuais 225 deputados para 194. Em compensação, os partidos de esquerda aumentaram sua representação em 10% – dos atuais 130 para 143, a partir de 2019. Partidos mais à direita do espectro político cresceram 378%, porém, em números reais, são apenas 62 eleitos.

Bancada feminina – Na Câmara, o número de mulheres eleitas apresentou um crescimento de 48%, passando de 51 para 74 parlamentares. Porém, em relação ao total de parlamentares, a representação feminina continua pequena de apenas 14,6%. Entre as deputadas eleitas, a renovação foi de metade. Das 51 que venceram o pleito em 2014, 24 foram reeleitas. Apenas 7 não tentaram se reeleger. Neste pequeno grupo, a maioria tentou uma vaga no Senado ou como vice na disputa pelos governos estaduais.

A bancada feminina no Senado deverá diminuir a partir de 2019. Atualmente são 13 senadoras, mas apenas quatro ainda terão mandato a partir do ano que vem. Sete candidatas foram eleitas, levando o total de representantes das mulheres a onze. Caso Fátima Bezerra não se eleja governadora do Rio Grande do Norte, ela permanecerá como a 11ª senadora.

No dia 28 de outubro a resposta será dada. De que lado ficará a maior parte da população brasileira: do ex-capitão do Exército, que luta contra os rótulos de homofóbico, machista e contrário às minorias, ou do ex-prefeito de São Paulo, rejeitado nas urnas ao tentar a reeleição na capital paulista em 2016, mas que está à sombra do líder populista? Com essa composição, o movimento sindical e os trabalhadores, mais do que nunca, precisarão de atuação intensa junto ao Legislativo numa tentativa de reaver os direitos surrupiados pelo atual governo. O momento exige de todos união e resistência. Confira a lista completa dos senadores e deputados federais eleitos, clicando aqui.

Fonte: Com informações de EL País, HuffPost, TSE, G1 e Agência Senado
CNTS

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