Pazuello alega que assessores estão com Covid e não irá à CPI nesta quarta
CPI da Covid
Ex-ministro da Saúde, que está sendo treinado pelo Palácio do Planalto, alegou que precisa ficar em quarentena, porque teve contato com pessoas infectadas. Parlamentares da oposição defenderam que o não comparecimento do general é estratégia para evitar depoimento no colegiado. “Marca no shopping que ele vai sem máscara”, disparou Rogério Carvalho (PT-SE).
Dez dias depois de ser visto passeando sem máscara em um shopping de Manaus, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi acometido por um surto de responsabilidade sanitária. Convocado para explicar na CPI da Covid o desastre que produziu à frente do Ministério da Saúde, o ex-ministro invocou um álibi inusitado para fugir da inquirição: o coronavírus.
Sob alegação de que teve contato com dois assessores infectados pela doença, o general avisou que não vai comparecer presencialmente à Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Covid-19 no Senado Federal nesta quarta-feira, 5. Recordando que em outubro do ano passado, Pazuello anunciou que foi infectado pela Covid-19 e chegou a ser internado no Hospital das Forças Armada – HFA, em Brasília.
“Ironicamente, o risco de infecção não impediu que a Casa Civil da Presidência da República submetesse Pazuello a intensas sessões de treinamento para o depoimento à CPI. Como ministro, o general prestou inestimáveis favores ao vírus, contribuindo com sua incompetência para que a infecção se propagasse. Como ex-ministro, Pazuello utiliza a propagação do mesmo vírus como escudo para retardar as explicações sobre a sua inépcia”, destacou o jornalista Josias de Souza.
A ausência do general provocou reação imediata dos senadores de oposição. “Marca no shopping que ele vai sem máscara”, disparou Rogério Carvalho (PT-SE). “Ele anda sem máscara e não pode vir a CPI?”, ironizou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).
Depoimento remoto – O ex-ministro deve tentar autorização para depor a distância, on-line, ou adiar em uma ou duas semanas sua oitiva. Os senadores avaliam quais os prejuízos para o andamento dos trabalhos de investigação com a ausência presencial de Pazuello. A avaliação é de que pela internet ele pode ser orientado quanto às perguntas realizadas pelos parlamentares.
Nos bastidores, fontes ligadas ao Executivo afirmam que a orientação para faltar ao depoimento presencial partiu do Palácio do Planalto. O governo está preocupado com o teor das declarações do militar, que vem recebendo orientação de auxiliares do presidente Jair Bolsonaro para enfrentar a sessão. A estratégia seria ganhar tempo para avaliar e rebater os depoimentos dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que depõe nesta terça-feira.
A estratégia dos senadores governistas é defender que Pazuello faça um depoimento remoto amanhã. Ciro Nogueira (PP-PI), aliado do presidente Jair Bolsonaro e membro da CPI, disse ao jornal O Globo que “já foi acordado que qualquer pessoa pode depor remotamente”. Segundo ele, Pazuello não quer adiar sua oitiva.
Expectativa para o depoimento – O depoimento de Pazuello é um dos mais esperados na CPI. General da ativa do Exército, ele assumiu o Ministério após as saídas de dois ministros que não concordavam com as diretrizes do presidente Jair Bolsonaro: Mandetta e Teich.
Em outubro do ano passado, logo após ser desautorizado pelo presidente sobre compra da vacina CoronaVac (Bolsonaro era contra), Pazuello disse: “É simples assim: um manda e o outro obedece”.
Pazuello era o ministro quando o governo recusou oferta de compra de 70 milhões de doses da vacina da Pfizer para serem recebidas em dezembro de 2020. Foi também durante a gestão dele que o sistema de saúde de Manaus entrou em colapso, registrando falta de oxigênio hospitalar e filas de vagas em UTIs.