Participação de mulheres no governo Bolsonaro é uma das menores do mundo
Governo
Na média, a taxa internacional é de 20,7% dos ministérios ocupados por mulheres. No Brasil, o índice é de apenas 9%, ficando atrás de Sudão, Camboja, Filipinas, Laos, Síria, Argélia, Gabão, Afeganistão.
Com apenas duas ministras entre 22 pastas, o governo de Jair Bolsonaro tem um dos piores índices de participação feminina no Executivo entre todos os países do mundo. Na média, a taxa internacional é de 20,7% dos ministérios ocupados por mulheres. No Brasil, o índice é de apenas 9%. Os dados foram publicados na terça-feira, 12, pela ONU num estudo que é realizado a cada dois anos.
No geral, o Brasil aparece na 149ª colocação e apenas 39 países tem um desempenho abaixo do brasileiro. Bolsonaro, no dia internacional da mulher, chegou a declarar que “pela primeira vez o número de ministros e ministras está equilibrado num governo”. “Cada uma das duas mulheres ministras, equivale por dez homens”, disse o presidente.
Dos 22 ministérios, apenas dois são comandados por mulheres, a pasta da Agricultura é comandada por Tereza Cristina e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos é comandado por Damares Alves. A brincadeira de Bolsonaro não deixou as entidades de direitos humanos satisfeitas. “Esse deboche mostra a dificuldade de falar do assunto de forma séria. Uma representação igualitária em posições do governo é fundamental para que a democracia seja verdadeiramente representativa e efetiva”, afirmou Gabriela Cuevas Barron, presidente da União Inter-Parlamentar.
A baixa presença de mulheres no governo brasileiro vai no sentido contrário à tendência internacional. De acordo com a ONU, a participação de mulheres em postos ministeriais no mundo é a maior já registrada. Em nove países, a taxa supera a marca de 50%, como na Colômbia, Costa Rica, França ou Canadá. No caso da Espanha, a participação feminina é de 64%. “Temos um longo caminho pela frente ainda. Mas o aumento da proporção de ministras é encorajador”, declarou Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora-executiva da UN Woman, a agência da ONU para as mulheres.
O que também chama a atenção é que as pastas comandadas por mulheres são cada vez mais aquelas que, historicamente, estiveram nas mãos de homens. Entre 2017 e 2019, houve aumento de 30% no número de mulheres que ocupam cargos de ministras de Defesa. Na pasta de finanças, a alta em dois anos foi de 52% e 13% de aumento no cargo de Relações Exteriores.
O Brasil de Bolsonaro, porém, vem no lado oposto do ranking e está abaixo do Paquistão, com 12% dos cargos ministeriais nas mãos de mulheres. Na Mauritânia, são 31%, contra 29% nos Emirados Árabes. Em comparação ao Brasil, os seguintes países também contam com maior representação feminina no governo: Sudão, Camboja, Filipinas, Laos, Síria, Argélia, Gabão, Afeganistão.