Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

Pandemia destruiu recorde de 4,9 milhões de postos de trabalho em abril

Trabalho e Emprego

País sente efeitos de medidas de isolamento para conter coronavírus e desemprego sobe a 12,6%.

A pandemia do novo coronavírus contribuiu para que 4,9 milhões de posto de trabalho fossem perdidos no Brasil no trimestre encerrado em abril, um recorde na série histórica, informou nesta quinta-feira, 28, o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

A população ocupada teve queda recorde de 5,2% na comparação com o trimestre anterior, sendo que 3,7 milhões postos de trabalho informais foram perdidos. Hoje, são 89,2 milhões de brasileiros na população ocupada, contra 94,2 milhões em janeiro.

A taxa de desemprego chegou a 12,6% no trimestre encerrado em abril, primeiro mês completo com medidas de isolamento social impostas em todo o país como forma de conter o avanço da Covid-19. O desemprego foi menor que o esperado pelo mercado, que projetava taxa de 13,4%.

Isso representa 898 mil pessoas a mais em busca de trabalho, segundo dados do IBGE. No trimestre anterior, terminado em janeiro, o desemprego no Brasil havia fechado em 11,2%.

Isolamento Social – A primeira morte conhecida de Covid-19 no país ocorreu no dia 17 de março. A partir daí, com o avanço da doença, o país promoveu o fechamento de bares, restaurantes e comércio como forma de conter o avanço da doença. Em abril, os efeitos econômicos foram sentidos com mais intensidade, já que as medidas restritivas duraram do começo ao fim do mês.

O comércio foi o setor que mais sentiu a queda na população ocupada, com 1,2 milhão de postos de trabalho perdidos. Em seguida, vieram 885 mil da construção e 727 mil de serviços domésticos, no que foi o maior recuo desse grupo de atividade desde o início da série histórica, em 2012, motivado pela dispensa dos trabalhadores domésticos devido ao isolamento.

A queda recorde na população ocupada contribuiu para o maior recuo histórico da massa de rendimento real do brasileiro, com retração de 3,3%. De acordo com o IBGE, isso representa R$ 7,3 bilhões. Por outro lado, o rendimento médio real das pessoas foi maior da série histórica, chegando a R$ 2.425. Isso se deve ao fato de que o grupo mais afetado foram os trabalhadores informais, que ganham menos.

“Os que ficaram foram trabalhadores que relativamente têm salários maiores. Agora temos uma situação de menos trabalhadores informais e o rendimento médio acabam sendo calculado em cima de quem permaneceu no mercado de trabalho”, disse Adriana Beringuy, analista da pesquisa do IBGE.

Com a pandemia em curso, o país viveu até quarta-feira, 27, uma espécie de apagão estatístico de emprego. Os dados do Caged – sobre pessoas com carteira assinada –, divulgados mensalmente, ainda não haviam sido publicados neste ano até ontem, quando houve anúncio de que o mercado de trabalho perdeu 1,1 milhão de empregados com carteira assinada entre março e abril.

Em paralelo aos impactos econômicos sentidos diretamente no aumento do desemprego, o Brasil vem acompanhando a Covid-19 se alastrar. Ontem, o país registrou 1.039 novas mortes por coronavírus e 16.324 novos casos nas últimas 24 horas. Com isso, o total de óbitos é de 24.512, e de casos confirmados, 391.222.

 

Fonte: Folha de São Paulo

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