O que desejamos para a saúde dos brasileiros
Ao passar em revista as declarações e esboços de programas de governo dos principais candidatos à Presidência da República notamos que a questão da saúde é muito mencionada, mas de forma superficial. No que concerne, então, aos milhões de trabalhadores do setor parece que nada foi dito de relevante, ou se foi, perdeu-se em meio às agressões entre os participantes.
Cabe alertar aos senhores candidatos que sem a devida valorização dos profissionais da saúde não haverá como arrumar os desacertos hoje vigentes no SUS. A universalização da saúde foi uma grande conquista da Constituição Cidadã, promulgada em 1988. No entanto, o avanço é limitado, pois faltou a dotação orçamentária específica para atingir a devida sustentação financeira. Passados 26 anos de sua criação, o sistema ainda se debate entre a crônica escassez de recursos e a má gestão.
E também não há registros, nas últimas décadas, de qualquer empenho importante do governo para qualificar e melhorar as condições de trabalho e salários dos anjos de branco que mantém o sistema em funcionamento. Pode-se tomar como exemplo a grande luta pela redução da jornada de trabalho para a Enfermagem (PL-2295/00). Esta reivindicação, mais do que legítima, tramita há 14 anos na Câmara Federal sem que haja vontade política para aprová-la. As demandas, porém, não param por aí: piso salarial para enfermagem (PL 4924/09); fim da terceirização e trabalho decente na saúde são outras bandeiras de luta, entre muitas que defendemos. Sem a humanização e a valorização do profissional que atende à população nunca teremos saúde de qualidade e é isso que desejamos para todos os brasileiros.
Artigo do Presidente da CNTS, José Lião de Almeida