Mortes violentas de jovens: quem mais mata é também quem mais morre

 Fruto da segunda fase do edital Inova-ENSP, programa que incentiva a implantação de uma estratégia institucional voltada para o fortalecimento da dimensão da pesquisa na ENSP, o Departamento de Violência e Saúde Jorge Carelli (Claves/ENSP) apresentou, dia 14 de março, os resultados da pesquisa Mortes violentas de jovens: um olhar compreensivo para uma tragédia humana e social. O estudo traz o seguinte resultado: quem mais mata no Brasil é também quem mais morre, isto é, jovens do sexo masculino, de 15 a 29 anos, com baixo nível de escolaridade.

Segundo as coordenadoras da pesquisa, Ednilsa Ramos de Souza e Kathie Njaine, não é possível atribuir o fato a uma única causa, pois existe multicausalidade como resposta, incluindo fatores sociais e comunitários que vão desde a concentração de pessoas nas periferias sem infraestrutura até a presença do tráfico de drogas e a livre circulação de armas de fogo.

 O seminário Mortes violentas de jovens: o desafio da prevenção em uma perspectiva intersetorial apresentou os resultados do estudo socioepidemiológico da mortalidade de jovens por homicídios no Brasil e países da América Latina por meio de um estudo de caso em dez municípios brasileiros – sendo dois por região –, além de seis municípios da região metropolitana de Buenos Aires. A pesquisa buscou analisar os homicídios de jovens de 1990 a 2010, identificando padrões de semelhança e diferenças na distribuição dos homicídios nas regiões estudadas.

Pretendeu-se também analisar as taxas segundo grupos etários (15 a 19, 20 a 24 e 25 a 29), sexo, raça/cor; identificar os principais meios utilizados na agressão de jovens; analisar dados socioeconômicos e de violência dos municípios estudados; investigar percepções de atores sociais sobre os homicídios de jovens; conhecer histórias de vida de jovens vítimas de homicídios a partir de seus familiares; e, ainda, analisar os discursos da imprensa local sobre os homicídios de jovens.

A coordenadora da pesquisa, Ednilsa Ramos, explicou terem sido analisados dados de 160 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, sendo 14 no norte, 26 no nordeste, 12 no centro-oeste, 64 no sudeste e 44 no sul do país. As capitais foram excluídas e selecionados dois municípios em cada região geográfica com taxas mais altas de homicídios de jovens, no ano de 2010, além de comportamentos opostos das taxas de homicídio de jovens. Para isso, foram utilizados indicadores macrossociais, habitacionais, demográficos, educacionais, de trabalho e rendimento, e de saúde e assistência social. Já na Argentina, selecionados apenas dois municípios para o estudo de caso. A pesquisa apresenta abordagem qualitativa e quantitativa, envolvendo pesquisadores e estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado em seu desenvolvimento.

(Fonte: Informe ENSP/Fiocruz)

CNTS

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