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Foto: Márcio James/Amazônia Real

Médico indica lockdown de 21 dias no Brasil para evitar colapso

Coronavírus

O agravamento da pandemia da Covid-19 vem levando os sistemas hospitalares de diversos estados ao colapso, de Norte a Sul do país, afirmou o neurocientista, Miguel Nicolelis, ao jornal o Globo. Para o médico, há o risco também de colapso funerário; solução passa por lockdown nacional e não somente restrições de horário.

Em entrevista jornal o Globo desta sexta-feira, 26, o médico, neurocientista e professor catedrático da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, Miguel Nicolelis defendeu um lockdown nacional de 21 dias no Brasil para conter colapso às instituições de saúde com o crescimento de casos de Covid-19 nos últimos dias. “Eu estou vendo a grande chance de um colapso nacional. Não é que todo canto vá colapsar, mas boa parte das capitais pode colapsar ao mesmo tempo, nunca estivemos perto disso”, declarou.

O Brasil registrou 1.582 mortes por Covid-19 em 24 horas, exatamente um ano após a confirmação do primeiro caso da doença no país. No total já são 251.661 vidas já foram perdidas desde o começo da pandemia. A média móvel de óbitos bateu um novo recorde: 1.150. Isto é 8% maior do que o cálculo de duas semanas atrás. “Agora, tudo está explodindo ao mesmo tempo. Isso significa que não tem medicação, não tem como intubar, não vai dar para transferir de uma cidade para outra, não vai ter como transferir para lugar nenhum. A consequência do colapso de saúde é o colapso funerário. Cientistas não olham só o presente, mas olham o futuro, enquanto o político está pensando no hoje, em como resistir à pressão do setor X para não fechar, a despeito das mortes”, disse o médico.

“Ainda dá tempo de reverter. Estou propondo a criação de uma comissão de salvação nacional, sem Ministério da Saúde, organizado pelos governadores, para resolver a logística. É uma guerra, quando vamos bater de frente com o inimigo de verdade? O Brasil é o maior laboratório a céu aberto para ver o que acontece com o vírus correndo solto. Em segundo lugar, um lockdown imediato, nacional, de 21 dias, com barreiras sanitárias nas estradas, aeroportos fechados. E depois ampliar a cobertura, usando múltiplas vacinas. Não dá para ficar discutindo, assina o contrato e vai em frente, deixa para depois, estamos falando da vida de 1.500 pessoas por dia, são 5 boeings caindo. Vacinação, vacinação, vacinação, testagem e isolamento social. Não tem jeitinho numa guerra. Estamos diante de um prejuízo épico, incalculável, bíblico”, foi enfático o médico ao jornal.

O médico explicou que, diferentemente da primeira onda, quando foi cada estado em um tempo, surgiram efeitos sincronizadores como eleição, festas de fim de ano e carnaval. Agora, tudo está explodindo ao mesmo tempo e isso significa que não há medicação, intubação nem transferência transferir de uma cidade para outra.

Segundo o neurocientista, o governo federal falhou no combate à Covid-19. “Se eliminar o genocídio indígena e a escravidão, é a maior tragédia do Brasil. A ausência de comando do governo federal é danosa. Isso é uma guerra. Isso é uma guerra. Em outros países essa é a mensagem que foi dada, veja a China. É curioso ver que no mundo ocidental exista dificuldade de transmitir essa mensagem da gravidade. Em Israel, metade da população foi vacinada no meio de um lockdown, e Israel é um país que entende o que é uma guerra. Adotaram discurso de salvação nacional, a mobilização foi total”, aponta.

Desde dezembro, o médico vê o colapso se aproximar no horizonte da pandemia. Alertou autoridades e orientou as medidas a serem tomadas, em especial um necessário lockdown. Na semana passada, ele deixou a coordenação do Comitê Científico do Consórcio Nordeste para a Covid-19.

Fonte: Com O Globo e Carta Capital
CNTS

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