Indígenas denunciam atendimento precário nas Casas de Saúde do Índio
Em audiência pública sobre as Casas de Saúde do Índio, as chamadas Casais, foram avaliadas as denúncias do Ministério Público Federal sobre a falta de estrutura de atendimento à saúde indígena. O tema foi debatido na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (11).
De acordo com as denúncias, foram identificados problemas como goteiras, medicamentos mal armazenados e pessoas com infecções adquiridas na própria casa.
Também chegaram denúncias de que nessas casas são atendidas, por exemplo, pessoas com doenças respiratórias, diabetes, hipertensão e até câncer. Além dos pacientes, os acompanhantes também são acolhidos, mas muitas Casas de Saúde do Índio não têm uma infraestrutura mínima.
Segundo Danielle Cavalcante, da Secretaria Especial da Saúde Indígena do Ministério da Saúde, são 19 mil profissionais em todo o País para cuidar de uma população de 650 mil pessoas. “O maior desafio da atenção básica hoje da saúde indígena é a fixação desses profissionais no território indígena. A gente até consegue levar empresas para construir essas estruturas físicas dento das aldeias, mas algumas aldeias são de muito difícil acesso. Imagine levar estruturas como cimento para construir unidades básicas como da população geral. É muito difícil.”
O cacique Evaldo da Silva veio de Roraima para Brasília com a filha de 5 anos, que tem leucemia. Ele e a família foram acolhidos na Casa de Saúde do Índio que na capital ainda não tem sede própria. O cacique participou do debate na Câmara e fez um apelo. “A nossa reivindicação é comprar um lugar próprio para que quando, não só o estado de Roraima, mas doutros estados onde tem indígena que viesse fazer o tratamento aqui em Brasília, tivesse sua casa própria. Isso foi o que cobrei aqui na plenária: para que comprem essa casa onde estamos, porque é um lugar alugado.”
Falta de profissionais
Outro problema é a falta de profissionais treinados para lidar com a cultura das diversas tribos indígenas. Como explica Maria Elenir Coroaia, que coordena a Casa de Saúde do Índio em Brasília. “Que a gente consiga conhecer a cultura desses povos, de cada povo que venha referenciado para tratamento aqui conosco, parte da língua desse povo, seus mitos, sua história de contato. Isso pensando em um profissional de antropologia para nos instrumentalizar, para a gente poder conhecer essa cultura para pensar num cuidado para cada etnia.”
A atuação de antropólogos nas Casas de Saúde do Índio também é defendida pela deputada Érika Kokay (PT-DF). “É importante que não haja invisibilização dos indígenas que estão em tratamento de saúde. Muitas vezes eles são desconsiderados enquanto pessoas. O tratamento, os diagnósticos dos profissionais da Casai são esquecidos e ignorados.”
A deputada Érika Kokay afirmou ainda que na próxima semana um grupo de parlamentares deve visitar a Casa de Saúde do Índio de Brasília. A ideia é destinar mais recursos para essas casas por meio de emendas parlamentares ao Orçamento da União. (Fonte: Portal Câmara)