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Foto: Ryan Brown/ONU Mulheres

Impulsionada pelo Brasil, extrema pobreza na América Latina tem pior índice em dez anos

Desigualdade Social

O número de pessoas vivendo na pobreza na América Latina chegou a 184 milhões, correspondente a 30,2% da população da região.

Em 2017, a pobreza extrema na América Latina atingiu seu pior recorde em nove anos, afetando 10,2% da população, como resultado do fraco desempenho das economias regionais. As informações foram reveladas por um novo relatório da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe – Cepal. A taxa de extrema pobreza aumentou de 9,9% da população em 2016 para 10,2% em 2017, o equivalente a 62 milhões de latino-americanos. A taxa de pobreza, medida também pela renda, permaneceu estável em 30,2 % da população, o equivalente a 184 milhões de pessoas.

Em 2002 havia 57 milhões de pessoas em situação de miséria na América Latina, cifra que subiu para 62 milhões em 2017 e que tornou a engordar em mais um milhão no ano passado, chegando a 63 milhões de latino-americanos em 2018, segundo o relatório. “Embora a região tenha feito progressos significativos desde a última década, a partir de 2015 tem havido retrocessos, particularmente em termos de extrema pobreza”, advertiu Alicia Barcenas, Secretária Executiva da Cepal.

O aumento da pobreza extrema da América Latina se explica, em boa medida, pela má evolução do Brasil, disparadamente o país mais populoso da região, que entre 2015 e 2017 viu a pobreza extrema saltar de 4% para 5,5% da sua população. “Embora em muitos países tenham ocorrido reduções ou estancamento da pobreza extrema [Paraguai, Colômbia, Costa Rica, Panamá, Chile e Equador], na hora de analisar a situação conjunta da região impacta o que acontece em países com muita população, como o Brasil”, explicou Xavier Mancero, chefe de estatísticas da Cepal.

Melhora na desigualdade – Melhores notícias vêm pelo lado da desigualdade de renda, um dos grandes calcanhares-de-aquiles da América Latina e Caribe, a região mais díspar do mundo, que abriga algumas das maiores fortunas do planeta e também milhões de pessoas em condições de fragilidade extrema. A disparidade de renda entre os lares e as pessoas se reduziu “apreciavelmente” na região desde o começo da década de 2000: nos 18 países da América Latina analisados, a média simples dos índices de Gini, o indicador mais utilizado globalmente, caiu de 0,543 em 2002 para 0,466 no ano passado – o índice zero significa igualdade absoluta. Entretanto, o ritmo de redução se desacelerou nos anos recentes: enquanto entre 2002 e 2008 a diminuição anual média da desigualdade foi de 1,3%, entre 2008 e 2014 o ritmo baixou para 0,8%, e entre 2014 e 2017 para 0,3%.

Colômbia, El Salvador e Paraguai mostraram grandes reduções de sua desigualdade por renda no período total analisado, enquanto outros, como Honduras e a República Dominicana, sofreram deteriorações.

Salário de 40% dos trabalhadores está abaixo do mínimo legal – Outro sinal da disfuncionalidade do mercado de trabalho na região: um em cada cinco trabalhadores latino-americanos tem renda do trabalho abaixo da linha de pobreza de seu país, cifra que chega a 35% no caso da população rural. Tudo isso apesar de longas jornadas diárias, em muitas ocasiões acima do prescrito na lei.

O flagelo da informalidade continua sendo, ano após ano, a marca registrada do mercado de trabalho da América Latina e do Caribe. Quais as consequências para os trabalhadores ficar de fora dos canais formais de contratação? A Cepal é clara: falta de acesso à cobertura previdenciária na saúde e nas aposentadorias, a dias de trabalho definidos – incluindo descanso semanal e férias anuais remuneradas – ao seguro-desemprego, por acidente e doenças ocupacionais, bem como à proteção de maternidade e paternidade. Ficam, portanto, com a pior parte. E não parece haver uma mudança de tendência em favor da formalização de seus empregos: “As transformações no mundo do trabalho associadas à revolução tecnológica podem aumentar ainda mais a proporção de trabalhadores nesta situação”, sentencia o estudo, em referência implícita a plataformas digitais que favoreceram o trabalho por conta própria.

Fonte: Com informações de El País e UOL
CNTS

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