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Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Hospitais alertam para falta de medicamentos essenciais para intubação

Colapso da Saúde

Em alguns casos, estoques de drogas usadas para intubar pacientes são de apenas cinco dias. Ministério da Saúde requisita estoques da indústria para suprir o SUS.

No momento mais crítico da pandemia de Covid-19 no país, com hospitais superlotados e falta de leitos, hospitais e profissionais da saúde alertam, também, para a falta de medicamentos utilizados em Unidades de Terapia Intensiva – UTIs para, por exemplo, intubar pacientes em estado grave. Em alguns casos, o estoque é de apenas cinco dias. Ontem, 18, o Ministério da Saúde requisitou os estoques da indústria de medicamentos que compõem o chamado “kit intubação”, incluindo anestésicos e bloqueadores musculares, para abastecer a rede do Sistema Único da Saúde – SUS por 15 dias.

Na quinta-feira, 18, a Associação Nacional de Hospitais Privados – ANAHP comunicou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa a falta de medicamentos essenciais para o tratamento de pacientes graves infectados com o coronavírus. Segundo a entidade, alguns medicamentos têm estoque de apenas cinco dias, em média, como o propofol, usado para indução e manutenção de anestesia geral, e o cisatracurio e o atracúrio, que ajudam a relaxar a musculatura, facilitando a intubação de pacientes.

A entidade revelou ainda um estoque de somente 10 dias para o rocuronio, usado para facilitar a intubação. Já para o midazolam, um sedativo, o estoque é de apenas 15 dias, e para o fentanil, indicado para dores extremas, de 20 dias. A associação também listou mais de 20 medicamentos que estão em falta no mercado.

De acordo com a entidade, a Anvisa se comprometeu em facilitar processos e revisar regras sobre importação para que essa demanda possa ser suprida com urgência.

Pacientes com outras doenças podem ser prejudicados – Também nesta quinta-feira, o Conselho Federal de Farmácia – CFF emitiu nota expressando “extrema preocupação” com a falta de medicamentos essenciais para pacientes graves com Covid-19 e outras patologias, como doenças autoimunes, tratadas com fármacos escassos ou indisponíveis por conta da pandemia.

De acordo com o CFF, relatos de farmacêuticos de diversos pontos do país, de secretários estaduais e municipais da saúde e da própria indústria farmacêutica, “evidenciam o desabastecimento”. O uso em pacientes com Covid-19 de drogas desenvolvidas originalmente para outras patologias também preocupa. É o caso da imunoglobulina, essencial para pacientes com doenças como a Síndrome de Guillain-Barré, e o tocilizumab, indicado para amenizar os sinais e sintomas da artrite reumatoide.

“Nestes dois últimos casos, particularmente, preocupa o uso desses medicamentos sem base científica de eficácia [para covid-19] até o momento”, alerta o CFF. Com a utilização desses medicamentos em pessoas com o coronavírus, mesmo sem comprovação científica, pode começar a faltar as drogas para pacientes portadores de outras doenças que fazem uso dos medicamentos.

Desta forma, o CFF “apela pelo uso racional dos medicamentos, para que a pandemia não faça vítimas também entre pessoas que sequer contraíram o coronavírus, mas têm outras doenças tão graves quanto a Covid-19”.

O governo federal já teve de requisitar estoques do “kit intubação” entre junho e setembro de 2020, quando houve falta destes medicamentos em diversos locais. Sem o produto, equipes médicas têm dificuldade de intubar um paciente, por exemplo. Após este período, os medicamentos voltaram a ser comprados pelos prestadores de serviço do SUS. Em nota, o ministério informou que monitora os estoques dos Estados.

Indústria diz que não há falta de produção – O presidente do grupo FarmaBrasil, que representa a indústria nacional de medicamentos, Reginaldo Arcuri, afirma que não há falta de produção. Ele diz que a indústria precisa receber demanda “clara e organizada”. “O grande problema é que os hospitais demandam a sua necessidade para ser entregue tudo de uma vez. Ou querem, por razões até justificadas, fazer um estoque. Você não consegue atender todos os pedidos em período curto. O que precisa é articular”, disse.

Já o presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini, reconheceu que o uso dos produtos está acima “de qualquer estimativa”. Ele afirmou que a indústria “está trabalhando para atender as necessidades” do país. Disse também que “se preocupa” com requisições de estoques, “pois isso pode desorganizar o mercado”.

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que as requisições não atingem produtos já vendidos pela indústria a Estados e municípios.

Com recorde diários de mortes e infecções por coronavírus, o Brasil vive não só o momento mais grave da pandemia como também o maior colapso sanitário e hospitalar de sua história, segundo boletim extraordinário divulgado na noite de terça-feira por pesquisadores da Fiocruz.

O relatório mostra que, das 27 unidades federativas, 24 estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação de leitos de UTI destinados à covid-19 no SUS iguais ou superiores a 80%. Destes, 15 apresentam taxas iguais ou superiores a 90%. Das capitais, 25 das 27 estão com essas taxas iguais ou maiores que 80%, 19 delas acima de 90%.

Fonte: Deutsche Welle Brasil e Estado de Minas
CNTS

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