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Greve geral entra para a história do movimento sindical

“Com nossa capacidade de organização, demos um recado contundente ao governo Temer e ao Congresso Nacional: exigimos que as propostas nefastas que tramitam em Brasília sejam retiradas. Não aceitamos perder nossos direitos previdenciários e trabalhistas”. A afirmação das centrais sindicais acerca da greve geral de 28 de abril, veio no manifesto conjunto lido nos atos do 1º de Maio, nesta segunda-feira.

Ao analisarem o impacto da greve geral de 28 de abril, as centrais avaliam que mais de 40 milhões de trabalhadores, do campo e da cidade, cruzaram os braços e foram às ruas em marchas, piquetes, bloqueios de rodovias e atos culturais, dispostas a barrarem as reformas previdenciária e trabalhista e contra a lei da terceirização, as centrais anunciam que o próximo passo será ocupar Brasília “para pressionar o governo e o Congresso a reverem seus planos de ataques aos sagrados direitos da classe trabalhadora”.

Lideranças sindicais avaliam que a união do sindicalismo e dos movimentos sociais, mais a adesão de setores significativos da igreja católica, da OAB e do Ministério Público do Trabalho, conseguiu produzir a maior mobilização da história do Brasil, desde 1917, quando ocorreu a primeira greve geral do país. Foi a maior greve geral dos últimos 30 anos, segundo muitos relatos. Maior que aquela de 1989 e comparável à grande greve de 12 de dezembro de 1986, após o fracasso do Plano Cruzado 2, no governo Sarney.

Também associam a força da greve à maior conscientização dos brasileiros sobre os impactos das reformas. E é esta união dos movimentos sindical e sociais que vão respaldar a atuação junto aos parlamentares, buscando o diálogo e deixando claro que “a greve geral deste 28 de abril não é um movimento que se extingue nem hoje, nem em si mesmo”.

A repercussão do dia de greve geral atingiu proporções internacionais. A hashtag #BrasilEmGreve se posicionou em primeiro lugar dos assuntos mais falados na rede social Twitter em todo o globo, desde as primeiras horas da sexta-feira. Pronunciamentos de solidariedade chegaram de diferentes partes da América Latina, como Nicarágua, Panamá, Venezuela, Cuba e outros países.

Força e união

Para a CNTS, a preocupação do movimento sindical de alertar em relação ao retrocesso proposta nas reformas conseguiu atingir a classe trabalhadora e a sociedade em geral. Mais que cruzar os braços, dirigentes da Confederação e das entidades filiadas e vinculadas buscaram esclarecer a categoria sobre a importância do enfrentamento das propostas do governo em discussão no Congresso Nacional. A expectativa é de que a mensagem das ruas seja entendida por deputados e senadores e isso reflita nas votações das reformas que retiram direitos sociais e trabalhistas históricos.

“O movimento foi positivo. Milhões de trabalhadores de todo o Brasil foram às ruas mostrar que não aceitam as propostas de reformas apresentadas pelo governo. A paralisação serviu para mostrar que a população brasileira está de olho aberto e compreende os males que estas reformas podem trazer para os trabalhadores. O presidente aceitou as mobilizações, mas declarou que as reformas vão continuar, da mesma forma o movimento sindical responde que as greves e as manifestações também vão continuar até que o Congresso entenda que elas são prejudiciais para a população”, destaca o diretor Social e de Assuntos Legislativos, Mário Jorge dos Santos, que coordenou, com diretor de Patrimônio, Geraldo Santana, a participação da CNTS na mobilização em Brasília.

“Durante a manifestação acompanhamos a determinação e união que a classe trabalhadora demonstrou de norte a sul, em todos os estados e municípios do país, de que não vamos aceitar o golpe que querem impor à sociedade. Parabenizo em especial os companheiros da saúde, que estiveram presentes em todos os movimentos, demonstrando aos companheiros a importância da existência dos sindicatos que este governo golpista e o Congresso estão atacando a mando do capital. Parabéns a todos e precisamos agora, mais do que nunca, mantermos a união para garantir nossos direitos”, disse o tesoureiro-geral da Confederação, Adair Vassoler.

Segundo o secretário-geral da CNTS, Valdirlei Castagna, os trabalhadores demonstraram força e organização e, principalmente, que não estão dispostos a aceitar essas reformas que estão sendo impostas por esse governo. “Se o governo não mudar de opinião, deveremos paralisar novamente e quem sabe até fazer uma greve por tempo indeterminado. A declaração do presidente foi muito infeliz, porque demostrou claramente que não quer conversar com os trabalhadores, quando ele afirma que a arena adequada é o Congresso Nacional e sabemos que o Congresso não está vindo ao encontro aos interesses que defendemos. Se o governo quer insistir nessa posição, certamente os trabalhadores vão voltar às ruas para que nossos direitos e conquistas não tenham um grande retrocesso”.

Em alguns locais houve repressão violenta por parte da polícia e manifestantes foram detidos. O presidente Michel Temer disse que “não haverá recuos” nas reformas que pretende implementar, porém, nos bastidores, “o governo assustou-se com o tamanho da paralisação”. Analistas políticos avaliam que, diante de “um Congresso desmoralizado, insistindo em aprovar medidas amplamente rechaçadas pelo povo, se colocarem as reformas na pauta de votação, o resultado será o aprofundamento do conflito social no país”.

As centrais afirmam que estão abertas, “como sempre estiveram”, ao diálogo, mas se isso não for suficiente, assumem o compromisso de organizar, com apoio dos movimentos sociais, “uma ação ainda mais forte”, em referência à greve geral da última sexta (28), com o “não” às reformas estruturantes propostas pelo governo Michel Temer. Novas greves gerais poderão ser convocadas. Os próximos dias serão decisivos para definir qual será o caminho na encruzilhada. Leia abaixo a íntegra do Manifesto de 1º de Maio. (Com centrais e Rede Brasil Atual)

CNTS

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