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Foto: Governo do Piauí

Governo corta 158 mil do Bolsa Família em meio à pandemia do coronavírus

Governo

Ao contrário da promessa de ampliar o programa, levantamento de março mostra que programa sofreu cortes majoritários no Nordeste mesmo com crise do coronavírus

A epidemia de coronavírus, que já chegou fortemente ao Brasil, não impediu que o Ministério da Cidadania tirasse famílias carentes do programa Bolsa Família. E não foram poucas: 158 mil benefícios foram cortados no mês de março, revelou o portal UOL, e mais de 61% estavam na região com mais famílias vulneráveis do país, o Nordeste.

O número de beneficiários do programa, que atuamente é capitaneado por Onyx Lorenzoni, que foi tirado da Casa Civil par assumir o Ministério da Cidadania, é o menor desde maior de 2017, quando o Bolsa Família teve o maior corte da história do programa – 543 mil bolsas foram retiradas.

Para justificar o corte, o Ministério disse que a redução ocorreu porque novas 185 mil famílias ingressaram no programa, mas 330 mil se emanciparam por apresentarem evolução nas condições financeiras, ou seja, superaram as condições necessárias para a manutenção do benefício.

O Bolsa Família atende famílias que vivem em situação de extrema pobreza, com renda per capita de até R$ 89 mensais, e de pobreza, com renda entre R$ 89,01 e R$ 178 mensais. Se a renda per capita for maior do que isso, a família é retirada do programa.

Cortes aumentam miséria – O doutor em Economia Social e pesquisador do Bolsa Família, Cícero Péricles de Carvalho, diz estar surpreso com a folha de março e com a explicação dada pelo ministério, já que o momento exigiria uma rápida ação para aumentar a renda das famílias pobres. “Impressiona que, num momento em que todos os países afetados pela epidemia estão ampliando suas políticas sociais como forma de enfrentar os impactos da crise nos setores mais pobres da população, o governo brasileiro reduza a cobertura no seu mais eficiente programa de combate à pobreza”, opina.

Ele critica o fato de a maioria dos cortes ocorrerem justamente no Nordeste. “A região tem apenas 27% da população brasileira, e teve 60% dos cortes. É um contrassenso”, avalia. Sobre a justificativa do Ministério de emancipação de 330 mil famílias, Carvalho contesta. “A redução da cobertura não combina em nada com o momento em que vive o país, com aumento da informalidade no mercado de trabalho e crescimento do número de pobres, como informa o IBGE, na síntese de indicadores sociais”, explica.

Voucher de R$ 200 aos trabalhadores informais – O pesquisador cita que o voucher de R$ 200 prometido pelo Ministério da Economia aos trabalhadores informais durante três meses é positivo, mas insuficiente, restrito e de difícil implementaçã. “É a ‘invenção da roda’, levando-se em conta que o Ministério da Cidadania já possui o cadastro de todas as famílias de baixa renda e experiência para realizar programas nessa área. Basta o governo, em vez de cortar benefícios, atender a demanda legal de 2,4 milhões de famílias na extrema pobreza, que têm direito e não estão incluídas no Bolsa Família; e, de forma concomitante, agilizar a concessão dos benefícios previdenciários dos 2,2 mil”, sugere.

Se essas medidas fossem adotadas de forma urgente, haveria grande capilaridade, pontua. “O impacto seria de curto prazo, positivo neste momento de diminuição da atividade econômica, aumento do desemprego e queda de renda da população mais pobre”, completa.

Fonte: Com UOL e Carta Capital
CNTS

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