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Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Em tempos de reformas, bancada sindical diminui

Congresso Nacional

Levantamento do Diap aponta 33 deputados eleitos identificados com a pauta dos trabalhadores, ante 51 em 2014

A bancada sindical na Câmara dos Deputados estará ainda menor na próxima legislatura, serão 18 deputados a menos no debate dos interesses dos trabalhadores, como direitos previdenciários, um dos temas que ganharão força em 2019. Levantamento preliminar do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – Diap aponta apenas 33 deputados eleitos. Em 2014, eram 51.

“Os trabalhadores terão menos defensores que na legislatura que termina”, lembra o Diap, destacando o papel da bancada sindical na manutenção de direitos e no debate de temas sociais e trabalhistas, além de intermediar demandas e mediar conflitos. “Por isso, sua redução é preocupante, uma vez que seu papel vai além das fronteiras parlamentares.”

A situação é ainda pior se comparada com a eleição de 2010. Naquele ano, foram eleitos 81 deputados identificados com o sindicalismo. Dos 33 de agora, 29 foram reeleitos e quatro são novos: Lídice da Mata (PSB-BA), que era senadora, Airton Faleiro (PT-PA), Carlos Veras (PT-PE) e Vilson da Fetaemg (PSB-MG). Estes últimos três têm origem no setor rural.

Com 18 eleitos, o PT é o partido com maior número de deputados sindicalistas, seguido do PCdoB com quatro, do PSB com três e do PRB com dois. PDT, Podemos, PR, PSL, PSol e Solidariedade elegeram um integrante cada. Entre eles, estão o ex-presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), e o presidente licenciado da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP).

Não é uma lista homogênea. Inclui, por exemplo, o nome do Delegado Waldir (PSL), vindo da Polícia Civil. Foi o candidato a deputado mais votado em Goiás – 274 mil votos e é apoiador de Jair Bolsonaro – e, segundo alguns, até cotado para ministro da Justiça. Confira a lista completa, clicando aqui.

No Senado Federal, a bancada dos trabalhadores sofreu revés maior ainda. Dos 9 representantes que a bancada possui nesta legislatura, apenas os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Paulo Paim (PT-RS) conseguiram renovar os respectivos mandatos. O senador gaúcho foi eleito para o terceiro mandato consecutivo no Senado, mostrando que seu trabalho a favor da classe trabalhadora e das áreas sociais está acima de siglas partidárias. Reconhecido por sua atuação junto ao movimento sindical, Paim foi um dos poucos parlamentares eleitos que lutam em prol dos trabalhadores. Juntam-se à bancada, eleitos em 2018, Jaques Wagner (PT-BA) e Major Olímpio (PSL-SP).

Os outros 7 que não retornam ao Senado Federal são: Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), não foi reeleita; Walter Pinheiro (Sem Partido-BA), não foi candidato a nenhum cargo; José Pimentel (PT-CE), não foi candidato à reeleição; Hélio José (PSD-DF), candidatou-se a deputado federal e não foi eleito; Paulo Rocha (PT-PA), foi candidato ao governo de estado e não foi eleito; Fátima Bezerra (PT-RN), candidata ao governo de estado e disputa o 2º turno; e Regina Souza (PT-PI), foi eleita vice-governadora de estado.

Motivos para a queda – Segundo o analista político Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Diap, um conjunto de fatores levou à redução da bancada sindical, que já foi uma das mais atuantes e representativas na Câmara.

Primeiro, as reformas trabalhista e sindical enfraqueceram as entidades que perderam poder para investir nas campanhas eleitorais. “Além disso, houve um erro de estratégia do movimento sindical, lançando muitas candidaturas, o que pulverizou os esforços”, afirmou.

Queiroz prevê momentos de dificuldades na atuação da bancada. “Com um ambiente hostil, de desregulamentação de direitos trabalhistas e uma bancada menor, as dificuldades serão enormes”, disse.

Bancada Empresarial – A correlação de forças se tornou ainda mais difícil com a manutenção da bancada empresarial, com 208 parlamentares, que teve força e poder de influência para aprovar no ano passado a reforma trabalhista encaminhada pelo governo. Essa correlação de forças ficará também muito desfavorável à área social, aos direitos humanos, ao meio ambiente e aos trabalhadores com o crescimento das bancadas ruralista, evangélica e militar.

Para o tesoureiro-geral da CNTS, Adair Vassoler, a classe trabalhadora deverá estar muito atenta e organizada na defesa de seus direitos. “Com esse Congresso extremamente conservador, a atuação do movimento sindical será ainda mais difícil. Isso não é apenas em relação à contribuição sindical, mas na retirada de direitos trabalhistas. Por isso, será necessário reinventar a forma de atuação da classe sindical. A cobrança e a pressão sobre os parlamentares precisam acontecer nos estados, com mais diálogo. Não é possível ficar esperando o pior acontecer para depois agirmos”.

O secretário-geral da CNTS, Valdirlei Castagna, considera preocupante que em seguidas eleições as bancadas do campo conservador e patronal continuam crescendo, enquanto a bancada que defende o trabalhador, diminui. “Isso demonstra que a população não está refletindo na hora de escolher seus representantes. Ela não se deu conta da necessidade de buscar representantes que defendam os direitos sociais e trabalhistas. Acredito que apenas uma luta em conjunto possa parar esses sucessivos retrocessos. Não vejo que as entidades isoladamente possam fazer alguma coisa. É necessário a integração de centrais sindicais, confederações, federações, sindicatos, movimentos sociais e com a participação dos trabalhadores. Tudo isso, independentemente do presidente que for eleito”, afirma.

Fonte: Com informações de Diap e Rede Brasil Atual
CNTS

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