Discurso de Bolsonaro gera críticas da imprensa internacional
Governo
Fala de Bolsonaro foi alvo de críticas por ser curta e genérica, além de ser considerada um nível de representação muito abaixo do que o Brasil merece
“Desastre”. Foi assim que jornalistas estrangeiros definiram o discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, na terça-feira, 22. Foi o primeiro pronunciamento oficial de Bolsonaro fora do Brasil desde a posse. O discurso, que tinha previsão de 45 minutos, durou apenas sete. Outros oito foram destinados a perguntas feitas pelo presidente do Fórum, Klaus Schwab, e respondidas de maneira evasiva por Bolsonaro.
Em pronunciamento relâmpago, o presidente voltou a afirmar que seu governo não terá viés ideológico, falou sobre como o Brasil deve incentivar o agronegócio, levando em conta o meio ambiente, e destacou que pretende diminuir a carga tributária do país.
Ao fim do rápido discurso, o prêmio Nobel de Economia, Robert Shiller, disse que “Bolsonaro dá medo”. Para o Nobel, “o Brasil é um país grande, e merece alguém melhor”. Ele não foi o único a criticar as poucas palavras do presidente brasileiro.
Para o Le Monde, Bolsonaro “se satisfez em fazer o mínimo” e seu discurso “não deve ir para os anais” de Davos. Ficou “se agarrando aos cartões, levados ao palco por auxiliar”, e “escapou das perguntas”.
O The New York Times descreveu o presidente brasileiro como “a face do populismo” em Davos, alguém que copia o americano Donald Trump até na insistência em “vestir casaco de inverno, apesar de falar numa sala aquecida”.
O editor chefe da revista estadunidense Americas Quaterly, Brian Winter, destacou que o discurso de Bolsonaro foi “muito mais curto do que o esperado” e que “não falou nada específico quando pressionado com perguntas”. Ele afirmou ainda que para um investidor que participava do evento, o discurso foi um “desastre”. “Eu queria gostar dele, mas ele não disse nada. Porque ele veio até aqui?”, teria questionado o investidor.
O jornal inglês Telegraph afirmou que “é justo dizer que Bolsonaro não correspondeu à expectativa. Discurso engessado e sem vida, com duração de menos de 15 minutos, parecia excessivamente roteirizado e passou por uma longa lista de compromissos já estabelecidos. Não posso imaginá-lo sendo convidado de volta muito cedo”.
A Reuters também se posicionou. Na manchete, o site evidenciou que o presidente perdeu a chance de mostrar por que foi eleito. “Jair Bolsonaro do Brasil joga fora o tapete de boas-vindas para grandes empresas e grandes investidores em Davos”.
No entanto, não há nada tão ruim que não possa piorar. Thiago Ferrer Morini, do espanhol El País twitou: “enquanto Bolsonaro fala sobre absolutamente nada por oito minutos, em casa seus problemas de um dos seus filhos aumentam”.