Diálogo e reforma política são prioridades de Dilma Rousseff

Com o resultado mais apertado em uma eleição presidencial desde a redemocratização do país, 1985, com 51,64% de votos pela reeleição de Dilma Rousseff contra 48,36% para Aécio Neves, a presidente reeleita anunciou como prioridades do segundo mandato a busca do diálogo e as reformas reivindicadas pela sociedade, tendo como prioridade a reforma política. Dilma disse também que vai atuar com “rigor” contra a corrupção e rebateu o argumento de que o país saiu dividido das eleições.

“Não acredito sinceramente que essas eleições tenham dividido o país ao meio. Em lugar de ampliar divergências e criar um fosso, tenho forte esperança de que essa energia mobilizadora tenha preparado terreno para a construção de pontes.” E completou: “(…) Algumas vezes na história, resultados apertados produziram resultados mais rápidos do que vitórias amplas. Essa é minha esperança, ou melhor, minha certeza de que o choque de debates pode produzir espaços de consenso. Minhas primeiras palavras são de chamamento à paz e à união.”

Para Dilma Rousseff toda eleição é uma forma de mudança e uma reeleição tem que ser entendida como voto de esperança pela melhoria do governo. “A palavra mais repetida, mais dominante foi mudança. O tema mais amplamente evocado foi reforma. Sei das forças e das limitações que tem qualquer presidente. Sei também do poder que cada presidente tem de liderar as grandes causas populares, e eu o farei. Estou disposta a abrir grande espaço de diálogo com todos os setores da sociedade para encontrar as soluções mais rápidas para nossos problemas”.

A presidente se comprometeu a levar adiante um plebiscito para a reforma política, disse ter “convicção de que haverá interesse de todas as forças ativas na sociedade para abrir a discussão” sobre o tema. Segundo Dilma Rousseff, com o instrumento do plebiscito – que é convocado previamente à criação do ato legislativo ou administrativo que trate do assunto em pauta, ou seja, as sugestões partem da sociedade. “Vamos encontrar a força e a legitimidade exigidas neste momento de transformação para levarmos à frente a reforma política”.

Os obstáculos, porém, serão muitos. Segmentos da sociedade, em ato cívico pela passagem do 7 de setembro, coletaram sete milhões de assinaturas em defesa de uma constituinte exclusiva para a reforma. Em seu pronunciamento, a presidente alertou para as dificuldades que a reforma enfrentará, diante da fragmantação de partidos com representantes no Poder Legislativo, especialmente na Câmara dos Deputados – a composição na Casa tem representantes de 28 dos 32 partidos com registro no Tribunal Superior Eleitoral.

O maior partido da base aliada, o PMDB, por exemplo, já diverge quanto à forma para se fazer a reforma política. O partido defende que a reforma se dê por referendo, quando é convocado posteriormente, a proposta tem origem nos poderes Executivo ou Legislativo, cabendo ao povo ratificar ou rejeitar o que foi aprovado.

O analista político e diretor do DIAP, Antônio Augusto de Queiroz, também ressalta as dificuldades que Dilma Rousseff vai encontrar por conta da nova composição da Câmara. Além da fragmentação, os grandes partidos perderam representantes e algumas lideranças não foram reeleitas. “As coligações entre partidos sem identidade programática resultaram em prejuízo aos partidos à esquerda do espectro político, especialmente o PT, que perdeu importantes quadros”.

A presidente prometeu urgência nas ações localizadas na economia, com vista a retomar o ritmo de crescimento, manter os níveis altos de emprego e assegurar a valorização dos salários e dar mais impulso à atividade econômica, além das medidas para que a inflação possa estar no teto da meta. “O Brasil saiu maior nesta disputa. Sei da responsabilidade que pesa sobre meus ombros. Vamos continuar a construir um país mais moderno, mais produtivo, um país da solidariedade e das oportunidades”.

A presidente também assumiu um compromisso “rigoroso com o combate à corrupção e com a proposição de mudanças na legislação atual para acabar com a impunidade, que é protetora da corrupção, fortalecendo as instituições de controle”. A campanha presidencial foi marcada pelas denúncias.

CNTS

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