Conferência da ISP debate saúde na América Latina, ataques aos direitos e futuro do trabalho
Direitos Trabalhistas
Diretoras da CNTS participam do debate, parte da 12ª Conferência Regional Interamericana da ISP. Entre outros temas, são abordados a digitalização no setor público e o ataque do capital às transformações das relações de trabalho.
O impacto da onda neoliberal nas políticas de privatização no setor saúde: tratado de livre comércio e a luta pelos direitos dos trabalhadores do setor foram temas de discussão na reunião das entidades do setor saúde da América Latina durante a 12ª Conferência Regional Interamericana – Iamrecon, da Internacional de Serviços Públicos – ISP, que se encerra nesta sexta-feira, 28, em Buenos Aires, Argentina. As diretoras de Assuntos Internacionais, Lucimary Santos Pinto, e de Formação e Política Sindical da CNTS, Terezinha Perissinotto, diretora de Finanças do Sindisaúde de Passo Fundo e representando a Federação dos Trabalhadores em Saúde do Rio Grande do Sul – Feessers, acompanham o evento.
Entre a realização dos painéis, integrantes da comitiva brasileira levaram à discussão a valorização dos trabalhadores da saúde, a tentativa de desmonte das políticas públicas do setor no país, os ataques aos serviços públicos, os cortes nos serviços e recursos de saúde e a tentativa de privatização do SUS. Para a ISP, estes ataques constituem ameaças fundamentais e existenciais contra os direitos humanos, a dignidade e os interesses dos mais de 600 sindicatos filiados de 156 países.
Segundo Terezinha, o encontro está sendo importante para discutir formas de luta em uma conjuntura adversa, com o ataque aos direitos dos trabalhadores e às entidades sindicais. Dirigentes sindicais da Argentina, Uruguai, Costa Rica, Chile, Paraguai e México fizeram importantes relatos, que mostram que todos estes países estão enfrentando as mesmas dificuldades que o Brasil na área da saúde, tanto na assistência como na previdência, e que os sindicatos enfrentam as mesmas dificuldades em relação aos trabalhadores que atuam no segmento.
O evento discute formas de como enfrentar o racismo, a discriminação das mulheres, políticas voltadas para os jovens, a construção de linhas de atuação na defesa dos trabalhadores da saúde e a defesa dos usuários do Sistema Único da Saúde – SUS no Brasil.
O encontro continental debate ainda o futuro do trabalho; a digitalização no setor público; o ataque do capital às transformações das relações de trabalho; as corporações transnacionais, os acordos de livre comércio e os bens comuns; sobre como alcançar serviços públicos de qualidade e a responsabilidade do estado sobre todos os serviços de natureza pública. Um dos principais aspectos da conferência tem o objetivo de buscar o fortalecimento dos sindicatos para que estes tenham mais poder de negociação, buscando ainda o fortalecimento da democracia e dos direitos humanos.
A conferência de caráter regional, que agrupa mais de 400 dirigentes sindicais do setor público de todas as Américas, decidirá os passos da organização na região para os próximos anos. Temas como dívida pública, corporações transnacionais, justiça fiscal e alterações climáticas, entre outros, são discutidos com especialistas.
De acordo com Terezinha, o destaque ficou no debate da justiça fiscal e na participação da juventude. O ainel sobre o combate à discriminação racial teve um enfoque importante na defesa dos povos originários – os indígenas e outros povos. “É muito interessante olhar os problemas do ponto de vista dos povos originários que, na sua grande maioria, são vítimas e mais marginalizados em seus países. Isto abre os nossos horizontes”, declarou a dirigente.
Na abertura do encontro, a secretária-geral da ISP, Rosa Pavanelli, destacou que “estamos num momento em que é preciso fortalecer o continente, numa perspectiva que seja de defesa dos serviços públicos de qualidade e onde seja garantido um trabalho decente e digno. Precisamos da capacidade de coordenar nossas ações“, disse, agradecendo às organizações laborais da região pela contribuição no debate acerca da Convenção sobre Violência e Assédio no Local de Trabalho, aprovada na Organização Internacional do Trabalho – OIT. Segundo ela, “não foi fácil superar a pressão do governo”.
A ISP é a federação sindical internacional que agrupa 635 sindicatos filiados em 156 países, representando mais de 20 milhões de trabalhadores/as que prestam serviço na administração pública, nos serviços sanitários e sociais, nos serviços municipais e das empresas de serviços públicos, como água, saneamento, energia elétrica, limpeza urbana, dentre outros.