Como ficam os trabalhadores da saúde com o novo governo?
José Lião de Almeida*
São grandes as expectativas da classe trabalhadora com o novo governo, que tomou posse na semana passada. Para a tão sofrida categoria da saúde permanece a esperança de conquistas e melhorias, uma vez que o governo anterior ignorou a nossa luta por reivindicações como: redução da jornada de trabalho da enfermagem para 30 horas semanais, piso salarial para a enfermagem, Lei do Descanso na Enfermagem e outras.
No discurso de posse, o presidente referiu-se à “democracia de eficiência”, que será buscada sob seu comando. Nos serviços de saúde a finalidade básica é atender o paciente da melhor forma possível, na maioria das vezes em momentos de fragilidade e risco de vida causados pela doença. Para isso o conceito de “eficiência” nunca será o mesmo daquele usado em outros setores da economia.
Um dos princípios técnicos do atendimento na saúde é o do dimensionamento. Ele é baseado em regras internacionais da Organização Mundial da Saúde – OMS, que determinam o tamanho e a qualificação profissional da equipe multidisciplinar – médico, nutricionista, enfermeiro, técnicos e auxiliares de enfermagem. Ou seja, se o gestor tentar simplesmente restringir a equipe para assim “enxugar” custos e aumentar a eficiência, estará, na verdade, trilhando o caminho oposto.
Com dois segmentos definidos no setor, o Brasil tem o maior sistema público de saúde do mundo. O grande desafio é fazer esse sistema funcionar de forma “eficiente”. Como resolver, por exemplo, casos exemplares de crise, como o da Santa Casa de São Paulo?
Esta entidade essencial à saúde pública acumulou uma dívida de cerca de R$ 868 milhões. Um recente processo de reestruturação da entidade resultou na demissão de 1.500 trabalhadores. Como resultado, os atendimentos irão cair dos 5 milhões, em 2015, para 2 milhões até o final deste ano. As últimas notícias informam que a Santa Casa saiu da UTI e agora aguarda a liberação de um empréstimo de R$ 368 milhões. Vamos ver como a “democracia de eficiência” vai lidar com essa questão.
No entanto, demitir trabalhadores e diminuir o atendimento prestado à população carente pelo SUS são remédios amargos demais e com os quais não concordamos.
Vamos continuar a luta por melhores condições para os trabalhadores e por saúde de qualidade para a população!
*Presidente da CNTS