Colapso na saúde causa medo e pânico nos profissionais de saúde
Coronavírus
A Federação dos Trabalhadores em Saúde do Rio Grande do Sul – Feessers e os Sindsaúdes filiados, em conjunto com a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS, Central Única dos Trabalhadores – CUT/RS e outras entidades estão encaminhando documento ao governador do Estado, Eduardo Leite, onde apresentam a situação dos trabalhadores em saúde e apresentam sugestões e cobram ações do governo para enfrentar o novo pico da pandemia, que possui características ainda mais fortes.
Veja a íntegra do documento das entidades:
Entidades representantes dos trabalhadores em saúde querem medidas mais rígidas e apoio aos menos favorecidos com políticas públicas emergenciais.
O Rio Grande do Sul está em colapso na saúde pública, com registro médio de 650 mil infectados e em torno de 13 mil mortos, com 2.864 leitos de UTI Covid-19 ocupados e não existem mais leitos de UTI disponíveis, com taxa de ocupação de 99.4%. No geral, 43.711 pessoas internadas. O tão falado esgotamento aconteceu, tanto que o maior Hospital Privado da capital, o Moinhos de Vento instalou um container para repositório dos pacientes mortos. Na linha de frente, já chegamos à marca de 27.126 profissionais em saúde contaminados.
Diante deste quadro e da brutal realidade que as entidades que representam os trabalhadores estão acompanhando em todo o Estado, os profissionais da saúde, um setor já aviltado pelo reduzido quadro de funcionários, foi penalizado ainda mais com o Ofício Circular do Departamento de Regulação Estadual – DRE Nº 004/2021. A circular autoriza a ocupação de todas as áreas disponíveis para novos leitos de internação Covid tanto de UTI, quanto clínico. Os hospitais atenderam a determinação, porém não contrataram novos profissionais, sobrecarregando ainda mais os já exaustos profissionais da linha de frente.
Os profissionais em saúde (auxiliares e técnicos em enfermagem, higienizadores, copa, cozinha, lavanderia, farmácia, outros) não têm mais forças para continuar neste ritmo desordenado. Estamos diante de jornadas duplas, cancelamento de férias e folgas, não pagamento e atrasos dos salários, falta de reajustes e falta de equipamentos.
Esse quadro se agrava através de demissões e de pedidos de demissões gerados pela incompreensão de chefias que assediam os profissionais no dia a dia e também pelo adoecimento dos mesmos, tanto física quanto mentalmente. Há dias em que a situação é tão insuportável, que os profissionais recorrem a banheiros ou outros locais das instituições para chorar convulsivamente e recuperar as forças para o atendimento dos infectados pelo Covid-19. Além disso, com o número reduzido, a possibilidade de descanso é rara, o convívio com os familiares fica em segundo ou terceiro plano e o desespero tomam conta de todos.
Agora, se adicionarmos a tudo isso uma palavra, MEDO, podemos entender o pânico que os profissionais estão enfrentando diariamente quando saem e quando retornam para suas casas. Medo de serem contaminados, de contaminarem filhos, maridos, esposas, mães e pais, amigos.
Mesmo apoiando a decretação de Bandeira Preta em todo o Estado e o fim da co-gestão, entendemos que: não é suficiente; medidas mais duras de isolamento devem ser adotadas, apenas liberando para serviços essenciais à vida; maior rigor na fiscalização de deslocamentos e aglomerações, através de barreiras sanitárias e brigadas com poder de polícia; o lockdown deve ser aplicado, imediatamente, por tempo a ser avaliado de acordo com os especialistas da área; para dar condições ao lockdown é urgente uma política imediata de distribuição de renda em substituição ao auxílio emergencial.
Entendemos também que deve ser imediata a destinação de recursos extras, com fins específicos de contratação de profissionais para ampliar as equipes, de acordo com o já exposto acima. No caso da capital, sugerimos rever as demissões de todos os profissionais do IMESF.
É consenso mundial que a pandemia só vai arrefecer com a vacinação em massa. Hoje, no Rio Grande do Sul até o momento, apenas 4,23% da população de aproximadamente 12 milhões foi vacinada e as perspectivas apontam para estender-se até 2022.
O governo negacionista do presidente Bolsonaro além de não ter se empenhado em tempo hábil para que o Brasil estivesse preparado e organizado para a compra e recebimento das vacinas, segue promovendo o desserviço para a população ao criticar o isolamento social, não referendar o uso de máscaras e ainda por cima indicar tratamentos alternativos, comprovadamente ineficazes segundo o mundo científico. Esta prática genocida do presidente, só tem gerado desconfiança em parcela da população e a desorganização em relação à compra e logística de distribuição da mesma.
Mais que lamentar, repudiamos com veemência as atitudes do presidente e chamamos a atenção para o governo do Estado proceda de forma diferenciada. Ou seja, que busque uma solução mais ágil para compra e distribuição das vacinas, sempre considerando os critérios de vacinação, onde os profissionais da linha de frente da saúde são prioritários.
E entendemos que é preciso reforçar as campanhas de conscientização da população que ainda não está convencida do COLAPSO e do CAOS na saúde que estamos vivendo.
Federação dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul – Feessers e Sindsaúdes Filiados
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS
Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul – CUT/RS