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Foto: Divulgação

CNTS repudia determinação de Bolsonaro em celebrar a barbárie

Brasil

A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS vem a público repudiar, veementemente, a decisão anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro em comemorar o golpe de 31 de março de 1964, que instaurou ditadura militar no país, deixando centenas de mortos e desaparecidos, e cuja repressão lançou mão de artifícios como estupros e tortura.

A ditadura fechou o Congresso Nacional, censurou a imprensa e perseguiu opositores. Deixou saldo de 434 mortos e desaparecidos, além de milhares de torturados e exilados. São fatos do passado, que devem ser lembrados apenas para que não se repitam.

Em países que enfrentaram seus fantasmas, exaltar ditaduras é crime e pode dar cadeia. Por aqui, escolheu-se contemporizar com personagens que cultuam o autoritarismo. Um deles acaba de assumir a Presidência pela via democrática que insiste em desprezar.

Ao celebrar o golpe, Bolsonaro mantém o figurino radical que marcou sua atuação parlamentar. O problema é que agora ele representa o país. Além de desrespeitar as vítimas da ditadura, suas declarações comprometem a imagem do Brasil no exterior. Como aconteceu semana passada, durante viagens oficiais. Não satisfeito em criar problemas em série no país que governa, Bolsonaro passou a causar constrangimentos também em países vizinhos. Em recente visita ao Chile, o presidente minimizou a ditadura do general Augusto Pinochet, ao dizer que “tem muita gente que gosta, outros que não gostam”.

Dias antes, ao lado do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, Bolsonaro elogiou o ditador Alfredo Stroessner, que comandou o Paraguai entre 1954 e 1989 em um regime de corrupção, pedofilia, estupros, violações de direitos humanos e perseguição política. Segundo o presidente brasileiro, Stroessner foi um “homem de visão, um estadista”. O governo do ditador “estadista” foi responsável por torturar mais de 20 mil pessoas, assassinar mais de 4 mil pessoas e estuprar sistematicamente por anos mais de 1.500 crianças.

A Ordem dos Advogados do Brasil, o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União também se posicionaram contra a comemoração do golpe militar. A DPU foi mais longe e ingressou na 9ª Vara Federal Cível da Justiça Federal da 1ª Região com ação civil pública contra a União pela determinação do presidente. Na ação, a DPU pede que seja proibido que a União “pratique quaisquer atos inerentes à comemoração da implantação da Ditadura Militar, especialmente à utilização de quaisquer recursos públicos para realização de tais eventos, protegendo o erário e a moralidade administrativa”.

Onde foi que a sociedade brasileira se perdeu ao apoiar alguém que homenageia torturadores, estupradores e pedófilos? Onde está a comemoração em centenas de pessoas presas, torturadas, mortas, desaparecidas, só por seus posicionamentos políticos? Professores, políticos, ativistas, anônimos foram brutalmente torturados. Dentre as vítimas, mulheres, adolescentes, idosos, gestantes, crianças. O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL/RJ), foi sucinto ao afirmar que “existe uma fronteira entre a democracia e a barbárie. Ao determinar a comemoração do golpe de 1964, o presidente da República decidiu permanecer ao lado da barbárie, onde sempre esteve”.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde considera inadmissível que transcorridos 34 anos do fim da ditadura militar e 30 anos da promulgação da Constituição Cidadã, o governo de Jair Bolsonaro queira dividir ainda mais uma nação já fraturada. Não podemos permitir que os ódios do passado envenenem o presente, destruindo o futuro. Ditadura nunca mais! Tortura nunca mais!

CNTS

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