CNTS participa do II Encontro dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Região Sul

Com a participação de centenas de dirigentes sindicais dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o Fórum Sindical dos Trabalhadores – FST realizou, dia 2 de outubro, na cidade de Foz do Iguaçu-PR, o II Encontro dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Região Sul, com o objetivo de estimular a funcionalidade do FST em todo o Brasil.

O Encontro teve como temas a Sustentabilidade das Organizações Sindicais; Estrutura Sindical; Defesa da Previdência Social; Garantia dos Direitos Sociais; Não à Terceirização na Atividade Fim da Empresa; Apoio às Convenções 151 e 158 da OIT; e Moralização e Ética na Política.

Para o 1º Secretário da CNTS, Adílson Szymanski, que esteve representando a entidade no evento, “diante de uma situação de crise nacional, onde o repasse dos desajustes das contas públicas recaem sobre a classe trabalhadora, precisamos nos unir ainda mais no sentido de não aceitar nada que venha prejudicar os trabalhadores”, disse.

No fim do evento, foi elaborada a Carta de Foz do Iguaçu, que tem o objetivo de ser o ponto de partida para o encaminhamento das principais reivindicações da classe trabalhadora do Paraná, Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

A Carta faz menção à perseguição sindical; posicionamento contrário à fusão do Ministério do Trabalho com o da Previdência Social; contrariedade ao assédio moral; apoio às fontes de sustento das organizações sindicais; contrariedade à interferência do MP nas decisões de assembleias de trabalhadores; apoio às denúncias das centrais sindicais frente à interferência do poder público à liberdade sindical e em especial às contribuições assistenciais; estabilidade de dirigentes sindicais; cumprimento, por parte dos políticos, das promessas de campanha eleitoral inerentes à defesa dos trabalhadores; contrariedade ao fator previdenciário e à fórmula 85/95; posicionamento contrário à terceirização; garantia dos direitos sociais; e pela manutenção dos direitos dos trabalhadores.

Carta de Foz do Iguaçu

Reunidos em Foz do Iguaçu, Paraná, no dia 2 de outubro de 2015, no II Encontro dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Região Sul, 566 representantes de 215 sindicatos, 23 federações, 8 confederações e 2 centrais sindicais deliberaram por uma mínima pauta de encaminhamento. São estes os anseios de resolução de objetivos comuns:

Que órgãos do Estado Brasileiro interrompam, imediatamente, atitudes punitivas e antissindicais a quem representa os interesses dos trabalhadores.

Que este governo reveja as pedaladas fiscais que suprimiram direitos tais como: abono salarial, seguro desemprego e direitos previdenciários. Reveja ainda a fusão do Ministério do Trabalho com o da Previdência Social.

Nossas bases sindicais, hoje relegadas ao esforço de valentes trabalhadores, carecem neste instante de sustentabilidade em suas organizações, quase sempre policiadas e tolhidas, injusta e exaustivamente pelo Poder Público dos seus direitos fundamentais e constitucionais.

Como ter a estrutura sindical necessária se o fortalecimento do Movimento Sindical esbarra, a cada momento, em determinações espúrias vindas de cima para baixo?

O trabalhador é presa fácil, sempre amedrontado pelo patrão. Torna-se um agente desrespeitado e barato, responsabilizado por quaisquer revezes na sua labuta diária, quando deveria ser regiamente recompensado, porque é quem verdadeiramente faz e produz. Ele e sua a entidade sindical são responsáveis pelo alavancar do progresso.

Imbuídos do desejo de alcançar cada vez mais a unidade da classe trabalhadora, registramos aqui os anseios de resolução dos seus objetivos comuns, após pautas discutidas regionalmente. Foram temas debatidos:

SUSTENTABILIDADE DAS ORGANIZAÇÕES SINDICAIS – A Constituição Federal assegura os direitos mínimos do trabalhador. As entidades sindicais, a quem cabe a proteção do trabalhador, estão sufocadas. A mesma Constituição Federal que garante o direito da livre associação e sindicalização legitima o que está escrito nas Convenções e Acordos Coletivos de Trabalho.

EM DEFESA DA UNICIDADE SINDICAL, DO EMPREGO E DOS DIREITOS TRABALHISTAS – Por que o Poder Público insiste em interferir nas deliberações democráticas aprovadas em assembleias dos trabalhadores, referentes a contribuição negocial e assistencial? Diante disso, é mais do que necessário, o cancelamento do Precedente Normativo – PN 119 e Orientação Jurisprudencial – OJ 17, ambos do TST, que nada mais são do que atos antissindicais e incentivo a desfiliação de trabalhadores dos seus sindicatos e que violam disposições do artigo 8.1 da convenção 95 da OIT. O Fórum de Foz do Iguaçu apoia denúncias pelas Centrais Sindicais em 2014 à Organização Internacional do Trabalho, pela ingerência do Poder Público, quando trata de assuntos relativos a contribuição negocial, estabilidade sindical, interdito proibitório e atividades essenciais na livre manifestação grevista.

ESTRUTURA SINDICAL – A estrutura sindical está sofrendo um desmanche inconcebível através de portarias, normas técnicas e instruções normativas. O único sistema que fortalece a liberdade e autonomia da organização dos trabalhadores é a unicidade sindical. A estrutura do movimento sindical deve ser fortalecida para que possa participar mais efetivamente nas negociações coletivas, avançando nos benefícios dos trabalhadores e garantindo os direitos já conquistados. O Movimento Sindical exige respeito e aplicabilidade dos princípios constitucionais da liberdade e autonomia sindical. É necessário urgentemente se autorregular e criar as normas necessárias para o seu desenvolvimento na defesa dos direitos da classe trabalhadora.

O Fórum entende que o fortalecimento da estrutura sindical passará por um trabalho que seja em nível nacional, partindo de um megaprojeto de sindicalização. Nele estarão os 5.570 municípios de modo que nenhum trabalhador brasileiro seja esquecido. A soma de esforços deve envolver todas as confederações de trabalhadores. A representação política também é fundamental. Que os atuais mandatários do Legislativo e Executivo cumpram os compromissos de campanha, em defesa dos direitos dos trabalhadores e da sociedade brasileira. Por isso, futuramente, temos que apoiar e eleger parlamentares verdadeiramente comprometidos com as causas dos trabalhadores.

DEFESA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL – O trabalhador em vias de aposentadoria se transforma num vilão aos olhos do Poder Público. É reconhecido como um grande encargo. Tanto é assim que medidas recentes acabaram por penalizar esta situação. O famigerado Fator Previdenciário reduz drasticamente o valor dos benefícios. Como paliativo o governo criou um remédio pior. Não aceitamos nem a proposta 85/95, que com o passar dos anos, alcançará 90/100, nem o Fator Previdenciário, um sistema injusto e perverso. Aquele que trabalhou e contribuiu a vida inteira é o mais sacrificado.

EM DEFESA DA UNICIDADE SINDICAL, DO EMPREGO E DOS DIREITOS TRABALHISTAS NÃO À TERCEIRIZAÇÃO NA ATIVIDADE FIM DA EMPRESA – Para combater a terceirização ilícita, ou seja: terceirização da atividade fim, prevista no projeto de Lei 4330/04 que tramita agora no Senado Federal sob o número 30/2015, as entidades sindicais precisam se mobilizar para garantir a dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho. O atual modelo de terceirização é uma forma de camuflar uma verdadeira reforma trabalhista e sindical que desprotege o trabalhador. Há um conflito intenso entre empresários e trabalhadores.

PELA GARANTIA DOS DIREITOS SOCIAIS – Os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras precisam de maiores garantias. O Fórum propõe um combate regional e nacional contra o projeto do negociado sobre o legislado que fragiliza a lei, ao trabalho infantil, trabalho escravo, tráfico de pessoas, exploração sexual de crianças e adolescentes, exploração dos trabalhadores e trabalhadoras em geral. É necessário que seja restabelecida a força da representação sindical para que sejam cumpridos efetivamente todos os direitos previstos na Constituição Federal, com olhar mais atento para o artigo 7º. Que o Estado garanta o mínimo de dignidade e igualdade para os brasileiros e brasileiras.

CONVENÇÕES 151 E 158 DA OIT – A estratégia adotada pelo Poder Público Brasileiro, desconsiderando o que havia assinado junto à Organização Internacional do Trabalho, em Genebra em 1982, tem causado um prejuízo enorme ao trabalhador brasileiro. Regredir numa conquista em que tomamos de exemplo um direito exercido mundialmente, é imperdoável. Assim o Fórum ratifica seu posicionamento positivo quanto as convenções 151 e 158 da OIT.

PELA MORALIZAÇÃO E ÉTICA NA POLÍTICA – Os escândalos nacionais ecoam pelo Brasil afora. É preciso ser crítico ao discurso e a narrativa da mídia brasileira que através dos principais meios de comunicação do país, impõe à sociedade brasileira uma mensagem ideológica. O Fórum de Foz quer um país que cumpra o que diz a nossa Bandeira Nacional. Cabe ao poder constituído nos garantir a Ordem. Cabe ao trabalhador e as entidades sindicais desenvolver o Progresso. Pela ética na política!

Diante deste apanhado de resoluções, o II Encontro dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Região Sul faz um alerta que deve ser nacional com repercussões em outros rincões do Brasil. É a continuação de uma luta que não pode ficar apenas no papel, muito menos na gaveta das autoridades constituídas aguardando um próximo protesto. As cobranças devem ser de todos os segmentos trabalhistas do Brasil. Entendemos que o que aqui está registrado é o anseio de um povo que merece ser feliz, respeitado, honrado e dignificado.

EM DEFESA DA UNICIDADE SINDICAL, DO EMPREGO E DOS DIREITOS TRABALHISTAS – Que cada tema, que cada letra, que cada significado da Carta de Foz ressoe como um sino de alerta de que há descontentamento e que o trabalhador precisa ser ouvido. Que a surdez até hoje providencial de nossas autoridades seja dizimada. Afinal aqui estamos dispendendo todos os nossos recursos para que sejamos ouvidos da forma que merecemos. Pressão sobre o Congresso Nacional por meio de caravanas de dirigentes sindicais à Brasília, na defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores, será nossa trajetória de luta.

Não podemos jamais perder o que foi arduamente conquistado. Podemos e devemos avançar. Vamos avançar! Que fique muito claro: a luta continua firme e duradoura! Pela unidade do movimento sindical, pela luta do trabalhador incansável!

Foz do Iguaçu, 2 de outubro de 2015

II ENCONTRO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DA REGIÃO SUL

CNTS

Deixe sua opinião

Enviando seu comentário...
Houve um erro ao publicar seu comentário, por favor, tente novamente.
Por favor, confirme que você não é um robô.
Robô detectado. O comentário não pôde ser enviado.
Obrigado por seu comentário. Sua mensagem foi enviada para aprovação e estará disponível em breve.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *