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Foto: Caio Oliveira/Gov. MA

CNTS notifica órgãos públicos cobrando a manutenção da quarentena dos profissionais de saúde infectados

Saúde

A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS protocolou ofício junto ao Ministério da Saúde, Ministério do Trabalho e Previdência, Tribunal Superior do Trabalho, Ministério Público do Trabalho e Anvisa cobrando a manutenção do período de afastamento laboral dos profissionais de saúde infectados pela Covid-19, no período de 10 dias, como recomendado pelas autoridades científicas, com vistas a evitar prejuízos à saúde e segurança no trabalho, aumento das taxas de ocupação dos leitos de UTI e agravamento da crise sanitária pandêmica.

De acordo com o documento, a medida, apresentada pelos hospitais privados e anunciada pelo Ministério da Saúde, desconsidera a segurança, tanto destes trabalhadores, essenciais para o combate à crise sanitária mundial, quanto de seus pacientes, dentre os quais estão incluídas pessoas dos mais variados grupos de risco.

Nesse sentido, destaca-se, ainda, que a manutenção da higidez do ambiente de trabalho, especialmente quando associada à proteção contra agentes nocivos com elevado potencial de contaminação, não pode ser desconsiderada em esforços relativos à retomada das atividades. Desse modo, não se pode olvidar que o retorno sem o respeito ao prazo adequado, além da fragilização da saúde do trabalhador individualmente considerado, pode resultar na contaminação dos colegas, debilitando o pessoal e iniciando novos déficits.

Em consonância com o exposto, há que ser sopesado, também, o expressivo risco à população assistida pelos profissionais da saúde, pois, caso exposta à potenciais infecções, pode gerar um agravamento nos quadros clínicos individuais e na sobrecarga de leitos hospitalares por aumento no número de enfermos.

Especialistas criticam redução do tempo de isolamento – A redução da quarentena das pessoas infectadas rendeu critica também da comunidade científica. De acordo com o especialista da Fundação Oswaldo Cruz e professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Júlio Croda, não há consenso na comunidade científica mundial a respeito do tempo ideal de isolamento. Ele afirma que as decisões dos governos tendem a levar em conta a perda de força de trabalho pelo isolamento prolongado e o aumento da transmissão da doença no País. “Os dados são escassos para tomada de decisão. Não tem dados científicos consistentes”, disse ao jornal Estadão.

O professor destaca que 18% dos infectados pela Covid-19 ainda podem transmitir a doença entre o sexto e o nono dia após diagnóstico. A lacuna coincide com os dias em que pessoas que contraíram a doença poderão voltar a frequentar locais públicos, a partir das mudanças anunciadas pelo governo de São Paulo e pela União.

Estudo preliminar feito pelas autoridades sanitárias do Japão aponta que o período de maior transmissibilidade do vírus estaria dentro desse novo intervalo. Com base nas amostras coletadas em 83 pacientes diagnosticados com a variante Ômicron da Covid-19, as autoridades do Japão constataram que, no período de três a seis dias após o início dos sintomas, metade das análises ainda tinha carga viral suficiente para transmissão. Esse seria o ponto mais alto de transmissibilidade, de acordo com o estudo.

Segundo a pesquisa, os indivíduos infectados apenas paravam de transmitir a Covid no 10º dia após terem apresentado os primeiros indícios da doença, mesmo quando já vacinados. “Não tem nenhuma base científica essa redução de tempo da quarentena. Se liberarmos as pessoas infectadas com cinco dias de isolamento, elas estarão no auge da transmissibilidade”, alerta o infectologista Carlos Magno Fortaleza, da Universidade Estadual Paulista – Unesp.

“Não há um consenso sobre o tempo ideal e necessário para o isolamento. Cinco dias é um tempo muito curto, bastante arriscado, com alto risco de transmissão. A maioria dos especialistas considera o mínimo de uma semana para a quarentena, pelo menos, independente de ser assintomático ou não”, observa Leonardo Weissmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Fonte: Com informações do Estadão
CNTS

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