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Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Câmara debate plano de ações para próxima década do SUS

Congresso Nacional

Além do desfinanciamento, a vasta quantidade de normas que regem o SUS, que chega a cerca de 17 mil, e as formas restritas de repasse de recursos da União foram destacados como agravantes.

A Subcomissão Permanente de Saúde, colegiado vinculado à Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, debateu sobre o planejamento federal e criação do plano decenal da saúde. Os participantes criticaram o desfinanciamento do SUS após a aprovação da Emenda Constitucional 95, cobraram aumento de recursos para a saúde, que o Plano Nacional de Saúde considere as necessidades locais e regionais e que o planejamento envolva modelos de atenção, de gestão e de financiamento. Se o PL for aprovado, o Plano Nacional Decenal da Saúde será elaborado pelo Ministério da Saúde e avaliado pelo CNS.

Estiveram presentes representantes do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde – Conasems, Conselho Nacional de Secretários de Saúde – Conass, Ministério da Saúde e Conselho Nacional de Saúde.

Para a deputada Adriana Ventura (Novo-SP), que solicitou a audiência pública, a discussão vai colaborar para avaliação de instrumentos federais de monitoramento e planejamento, como o Plano Plurianual – PPA, o Plano Nacional de Saúde – PNS, o Relatório Quadrimestral de Prestação de Contas do SUS – RQPC, e seus resultados. Com relação à criação de um plano decenal, o objetivo é analisar o PL 1375/2019, do deputado Júnior Ferrari (PSD-PA).

Se o PL for aprovado, o Plano Nacional Decenal da Saúde será elaborado pelo Ministério da Saúde, com a participação da Comissão Intergestores Tripartite – CIT, foro de negociação que reúne representantes do governo federal, estaduais e municipais. Em seguida, a ideia é que o documento seja submetido à aprovação do CNS. Os atuais instrumentos de avaliação e implementação das ações do SUS possuem prazos menores (três a quatro anos) e planejamento ascendente, o que possibilita o aprimoramento das políticas. É o que explica a assessora do Conasems, Blenda Pereira.

Para ela, tais fatores são relevantes para atenderem às necessidades locais, onde os planos municipais que, a partir de acordos intermunicipais, geram o plano regional; desses planos regionais, o plano estadual; e, por fim, o plano estadual seria a base para a construção do Plano Nacional de Saúde. Blenda destacou o desfinanciamento federal como um dos principais impedimentos para execução desse planejamento.

“Com a EC 95, que estabelece o teto dos gastos em saúde da União, por mais que o Ministério se esforce para alocar mais recursos no SUS, existem limitações na própria Constituição, comprometendo o planejamento e os recursos dos municípios, que investem quase 9 pontos percentuais a mais do estabelecido em lei”. Além do desfinanciamento, a vasta quantidade de normas que regem o SUS, que chega a cerca de 17 mil, e as formas restritas de repasse de recursos da União foram destacados como agravantes.

Segundo Blenda, é importante manter a ascendência do planejamento. “Não precisamos criar novos instrumentos, mas sim fortalecer os que já existem para que nos dê condições de executar os serviços”. E complementou: “Não adianta realizar um plano que não considere as necessidades locais e regionais. As diversas variáveis precisam estar presentes para refletir a real necessidade da população. A EC 95, por exemplo, desconsidera todas essas variáveis”.

Cenário de desfinanciamento – O representante do Conselho Nacional de Saúde – CNS, André Luiz de Oliveira, também destacou problemas gerados pela EC 95. “Não estamos mais debatendo um subfinanciamento e sim um desfinanciamento do SUS, principalmente após a aprovação da EC 95. Uma das nossas principais pautas, acompanhando as bandeiras dos gestores, é a do aumento de recursos para a saúde, caso contrário, essa conta vai continuar não fechando”. O CNS deve aprofundar o debate entre conselheiros, o que deve ocorrer nas próximas reuniões para que seja emitido posicionamento sobre o PL.

Marcos Moreira, do Ministério da Saúde, comentou que a Subsecretaria de Planejamento e Orçamento (SPO/SE/MS) entende que o modelo como está posto hoje é adequado, inclusive considerando a mudança do PPA no ano que vem. “Com os relatórios quadrimestrais e anuais podemos realizar um acompanhamento tático, que geram informações de metas que nos permitem acompanhar melhor a evolução da política pública, é possível traçar uma linha de tendência, observar o que está evoluindo e o que não está, ou seja, em curto prazo conseguimos traçar metas mais palpáveis, o que não seria possível se o planejamento fosse feito a cada 10 anos”.

A representante do Conass, Lourdes Lemos Almeida, ressaltou a importância da regionalização no planejamento do SUS. “Na área da saúde pública, quando falamos em planejamento falamos em modelos de atenção, modelo de gestão e modelo de financiamento. Após percorrermos um longo caminho desde a criação da Lei 8.080, chegamos à conclusão que a regionalização é a resposta mais eficaz para resolver a fragmentação dos serviços com vistas para a ampliação do acesso e resolutividade”.

A proposta tramita em caráter conclusivo e será analisada pelas comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Nesta modalidade de tramitação, o projeto será votado apenas pelas comissões designadas, sem votação no plenário. A rejeição do PL ocorre se houver recurso com assinatura de 52 deputados, podendo levar a proposta para votação no plenário.

Fonte: Com informações de Conasems, Agência Câmara e CNS
CNTS

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