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Cai para 14 total de capitais com lotação de UTI acima de 90%; outras 7 estão com mais de 80%

Coronavírus

Medidas de restrição e vacinação de pessoas mais velhas explicam queda, dizem secretário e especialista.

Ainda enfrentando o período mais crítico da pandemia, o país começa a apresentar uma redução da pressão por vagas de UTI para tratamento da Covid-19 nos grandes centros urbanos. Catorze capitais e o Distrito Federal estão com mais de 90% de seus leitos de UTI públicos com pacientes graves da doença, segundo levantamento da Folha com dados de segunda-feira, 19.

Eram 17 capitais com mais de 90% na semana passada, e situação recorde de 21 na anterior, ambas incluindo a capital federal. Ao todo, 18 capitais registraram queda no percentual de leitos de UTI ocupados na última semana, sendo que cinco delas estão abaixo do patamar crítico de 80%: Salvador, Macapá, Manaus, João Pessoa e Boa Vista.

O avanço na vacinação das pessoas mais velhas e a adoção de medidas de restrição mais rígidas nas últimas semanas em alguns estados são apontados como os principais fatores para a queda.

Em Salvador, por exemplo, a taxa de ocupação de leitos saiu de 81% na última semana para 76% nesta segunda, queda que acompanha a tendência registrada no estado.

De acordo com o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, a imunização dos idosos resultou na redução do número de solicitações por leitos de UTI entre pessoas com mais de 70 anos. “É uma queda significativa e sustentada”, afirma.

Nas últimas quatro semanas, o número de pessoas com mais de 80 anos em leitos de UTI caiu 42% estado da Bahia. Entre os que têm de 70 a 79 anos, a redução foi de 20%.

Em São Paulo, onde também há desaceleração na demanda por leitos, a taxa de ocupação chegou a 83% no estado, 81% na Grande São Paulo e 84% na capital paulista, segundo a Secretaria Estadual da Saúde.

Presidente da Sociedade Paulista de Infectologia, Carlos Magno Fortaleza destaca que as duas semanas que São Paulo ficou na fase vermelha, mais o período em que ficou no vermelho ampliado, fez com que diminuíssem os casos de Covid-19, as internações, a fila de espera e ocupações em UTI. “Realmente desacelerou a pandemia. Nós descobrimos que medidas restritivas funcionam, mas o que obtivemos até agora ainda é muito pouco”, diz.

100 de ocupação – No outro extremo, capitais como Campo Grande e Rio Branco não têm nenhum leito disponível para pacientes críticos. Em Rio Branco, os leitos de terapia intensiva lotaram nesta segunda. A ocupação passou para 100% nas duas unidades de referência da cidade, e a fila para transferência, que estava zerada, agora tem 14 pessoas.

Na capital de Mato Grosso do Sul, a ocupação das UTIs atingiu o patamar de 106%, com 37 pessoas aguardando por leitos. O cenário também é crítico nos demais estados do Centro-Oeste. Em Mato Grosso, a ocupação segue próxima do limite, com 96% das 608 vagas de UTI ocupadas, ante 98% de sete dias antes. A fila também diminuiu, de 85 pacientes para 33.

No Distrito Federal, havia 231 pessoas à espera de um leito de UTI na terça, 20. A taxa de ocupação de leitos Covid era de 97%. Para ajudar a suprir esse problema, estão sendo construídos três hospitais de campanha. Cada um vai dispor de cem leitos de UTI. ​

Em Goiás, a pressão em leitos de UTI teve uma ligeira redução na última semana, mas, ainda assim, 90% dos leitos estão ocupados e há fila. Na última semana, havia 74 pessoas à espera de uma vaga. Agora, há 37.

Estabilidade – Em outros estados, o cenário é de estabilidade com altas taxas de ocupação. É o caso de Pernambuco. Mesmo diante da abertura contínua de novos leitos, a taxa de ocupação permanece em 97%.

No estado, há 1.562 pessoas internadas recebendo cuidados intensivos. É o maior número desde o início da pandemia. Nesta terça, havia 75 pacientes graves esperando para acessar um leito.

Há duas semanas, médicos denunciam desabastecimento de medicamentos como sedativos e bloqueadores neuromusculares em algumas unidades de saúde pública localizadas no Recife. O governo estadual nega.

No estado do Rio de Janeiro, a fila por UTIs públicas despencou de 419 para 196 na última semana, mas a ocupação de leitos continua alta, em 86%. Na capital fluminense a situação é estável, com 93% das vagas de terapia intensiva ocupadas e 43 pessoas na espera na terça-feira.

O prefeito Eduardo Paes (DEM) flexibilizou medidas de restrição na última quinta, 15, permitindo que restaurantes e bares funcionem presencialmente até às 21h e que esportes coletivos sejam praticados nas praias e parques. Permanecer ou vender produtos na areia, porém, continua proibido.

O Paraná também segue com o quadro de estabilidade, com o índice de ocupação de UTIs girando em torno de 94% e 148 pessoas aguardando por leitos nesta terça-feira.

O quadro é melhor no Rio Grande do Sul, onde a taxa de ocupação de UTIs caiu de 87% para 83% em uma semana. Porém, no mesmo período, foram criadas 24 novas vagas e a fila de espera não diminuiu, permanecendo com 40 pessoas.

Na capital Porto Alegre, a queda na lotação de hospitais foi ainda maior: de 96% para 87% a partir da abertura de 12 novas UTIs. A espera por leitos, no entanto, cresceu de três para seis pacientes.

Em Santa Catarina, o cenário permanece estável, com 96% das UTIs ocupadas mesmo com a criação de 18 leitos. Mais de cem pacientes ainda aguardavam vagas no sistema público na segunda-feira, 19.

No estado de Minas Gerais, a ocupação de leitos de UTIs públicas reservadas para Covid-19 registrou um recuo pequeno, passando de 91% para 89%. Na quinta-feira, 15, o governo do estado anunciou que metade das macrorregiões de saúde passariam à onda vermelha do plano de flexibilização de atividades, uma fase menos restritiva que a onda roxa e onde a adesão fica a critério dos municípios.

A tendência de queda nos indicadores em Belo Horizonte – incluindo ocupação de UTI – também levou o prefeito Alexandre Kalil (PSD) a anunciar a abertura gradual do comércio a partir desta quinta-feira, 22, depois de um mês e meio de fechamento, e a retomada de aulas presenciais.

Fonte: Folha de S. Paulo
CNTS

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