Brasil registra 700 mil acidentes de trabalho por ano
Quarta nação do mundo que mais registra acidentes durante atividades laborais, atrás apenas da China, da Índia e da Indonésia, o Brasil ainda peca no quesito segurança no trabalho. Celebrado hoje, 27, o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho é símbolo da luta dos trabalhadores brasileiros por melhorias nas condições de saúde e segurança. Dados do anuário estatístico da Previdência Social apontam que, no país, cerca de 700 mil pessoas sofrem acidente de trabalho a cada ano.
Prevenir ainda é o melhor remédio. Somente com afastamentos por licença médica, o governo gasta cerca de R$ 23 bilhões dos cofres públicos. Se fossem incluídos os casos de acidentes em ocupações informais, esse número poderia chegar a R$ 40 bilhões.
O segmento da saúde teve um crescimento no número de acidentes. De acordo com estudo do Ministério do Trabalho os registros passaram de pouco mais de 71 mil casos para cerca de 74 mil por ano. Pesquisa da Organização Mundial da Saúde – OMS aponta que, no mundo, mais de três milhões de profissionais passam por exposições percutâneas a patógenos sanguíneos a cada ano e mais de 33 mil pessoas são infectadas pelo vírus HIV em decorrência de injeções reutilizadas ou compartilhadas.
A CNTS editou as cartilhas ‘NR 32: Boas condições de trabalho exigem saúde e segurança para o trabalhador’ e ‘Previna-se: A Saúde é seu principal instrumento de trabalho’, que trazem, além das disposições legais da norma, formas de prevenção e instruções de hábitos diários para reduzir os riscos de contaminação por agentes químicos, biológicos e radioativos. Pesquisas revelam que os profissionais da enfermagem, seguidos pelos da limpeza, são os mais atingidos por acidentes com materiais perfurocortantes. De 60% a 80% dos incidentes ocorrem após a realização do procedimento e podem ser evitadas com as práticas de precauções padrão e com o uso sistemático de dispositivos de segurança.
As cartilhas orientam ainda que, pela exposição a diversas doenças infectocontagiosas, os profissionais da saúde devem estar cientes da proteção preventiva por meio das vacinas. Muitos trabalhadores de saúde, no entanto, desconhecem as possibilidades de proteção vacinal disponíveis. Para a empresa, do ponto de vista prático, esta ferramenta assegura o ritmo de produção, evitando faltas, licenças temporárias por motivos de saúde e aposentadorias precoces. A OMS aponta que para cada U$ 1 gasto em prevenção, há uma economia de U$ 60.
Por lei, as empresas são obrigadas a garantir a segurança de seus funcionários. Mas cabe também ao trabalhador informar a ausência de equipamentos de proteção adequados. Os dados do governo levam em consideração a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, que divide as profissões em áreas de atuação. Portanto, não existe uma classificação específica para cada categoria profissional.
Conferência de Vigilância em Saúde
O Conselho Nacional de Saúde – CNS realizará em novembro a 1ª Conferência Nacional de Vigilância em Saúde, que tem por objetivo definir estratégias que podem gerar ações integradoras de vigilância em saúde com a atenção básica, além de fortalecer os programas já existentes. O SinSaudeSP sediou, neste mês de julho, o primeiro Seminário Preparatório da 1ª Conferência Nacional de Vigilância em Saúde.
O evento recebeu, além de representantes das centrais sindicais e movimentos populares, dirigentes da CNTS e entidades da base, que debateram, entre outros assuntos, práticas de atenção e promoção à saúde dos cidadãos e os mecanismos para prevenção de doenças.
Já na área de saúde do trabalhador, a Confederação defendeu a realização de estudos, ações de prevenção, assistência e vigilância aos agravos à saúde relacionados ao trabalho. “Um dos nossos principais objetivos é trazer à tona a situação da saúde da população, além claro, da saúde do trabalhador que presta os cuidados aos brasileiros. Não podemos fechar os olhos para esta temática. Precisamos discutir estratégias que garantam a eficiência do SUS integral e universal”, disse o presidente da CNTS e SinSaudeSP, José Lião de Almeida. (Com Correio Braziliense e MTE)