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Brasil poderá levar 10 anos para repor postos de trabalho fechados

Trabalho e Emprego

Segundo o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, apesar do resultado positivo de julho Brasil ainda tem saldo de vagas distante dos empregos eliminados nos últimos anos

Se a atual dinâmica de abertura de empregos se confirmar como tendência, o Brasil levará 10 anos para repor os postos de trabalho que foram fechados nos últimos três, segundo o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio. Apesar do resultado positivo registrado em julho no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged, ele ponderou que a economia segue em baixa e com reflexos sobre o mercado de trabalho.

A criação de pouco mais de 47 mil vagas no mercado formal responde ao primeiro resultado positivo registrado para o mês em seis anos e que levará ao resultado de 2018 a um número estimado em 200 mil a 300 mil vagas – muito aquém dos postos de trabalho eliminados. “É uma dinâmica muito baixa para a necessidade que o mercado de trabalho brasileiro tem para repor os postos fechados e atender aqueles que chegam no mercado.”

Salário menor – Mesmo com as vagas abertas no mês passado, o salário de quem entrou no mercado formal está 9,2% menor do que a remuneração de quem foi demitido. Em julho, o salário médio de admissão no país foi de R$ 1.536,12. O ganho médio dos demitidos era de R$ 1.692,42.

Para Clemente Ganz, a alta taxa de rotatividade no mercado de trabalho, ou seja, muitos desligamentos e pouca permanência nos empregos, é o que permite salários inferiores nas mesmas vagas.

“Essa dinâmica explica, em parte, o quadro de desmobilização que a economia gerou nos postos de trabalho. E está mostrando que a rotatividade, em um processo recessivo como tivemos até agora, leva a ampliar o fosso entre o salário médio de demissão e o salário de contratação. E muitas vezes isso vem acompanhado de uma outra dinâmica, que é a oferta de postos de trabalho mais precários”, diz o economista.

“Há também um processo de desqualificação intencional dos postos de trabalho visando fazer uma redução de custo e salarial”, completa.

Na avaliação da economista e pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas, Marilane Teixeira, a queda na média salarial é resultado direto da reforma trabalhista, aprovada em julho de 2017.

O trabalho intermitente e parcial, formas de contratação com menor grau de proteção criadas pela reforma, respondem por mais de 4,2 mil vagas criadas.

“É uma combinação de fatores: as formas de contratação que se diversificam e que ajudam e empurram os salários para baixo, que é o intermitente e o parcial; mais o contexto de crise, que estimula demitir os que estão com salários maiores e contratar com os salários menores”, explica a economista.

Os setores de agropecuária e de serviços foram os principais responsáveis pela abertura de empregos com carteira no mês passado. “É esse setor que tem liderado os contratos em tempo parcial e intermitente. E é um setor mais vulnerável, com baixa qualificação. Ou seja, é mais fácil demitir e contratar”, pontua Teixeira.

Fonte: Com Rede Brasil Atual e Brasil de Fato
CNTS

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